Pela primeira vez em 77 anos, a Exposição Nordestina de Animais e Produtos Derivados, realizada no Parque do Cordeiro, pode não acontecer. O motivo é a falta de dinheiro. O alerta vem da Sociedade Nordestina de Criadores (SNC), responsável pela promoção e organização do evento.
Segundo o presidente da entidade, Delmiro Gouveia, o Governo do Estado não repassou ainda a verba do evento do ano passado e nem garantiu os recursos deste ano. "Não recebemos o dinheiro do governo relativo a exposição de 2018, no valor de R$ 770 mil, e nem temos, até agora, a pouco mais de 70 dias da data que seria a do inicio do evento, alguma notícia se o Estado vai ou não disponibilizar recursos para este ano", afirmou Gouveia.
Segundo a Sociedade Nordestina de Criadores, o custo total da exposição fica entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões. Parte desse valor vem de patrocínios e do apurado nas bilheterias. O Estado deveria entrar este ano com outros R$ 770 mil que seriam utilizados, entre outras ações, para a preparação da área de 12 hectares do parque pare recebimento e acomodação dos animais.
"O parque está praticamente em estado de abandono. É preciso fazer a capinação geral do terreno, revisar as baias dos animais, rever toda estrutura de 20 galpões, recuperar sanitários e pintar todo o parque", diz Emanoel Rocha, ex-presidente da SNC e hoje membro do conselho administrativo.
Rocha diz que como organizadores do evento, a SNC está devendo a cerca de 80 prestadores de serviços que trabalharam na festa do ano passado e que, dificilmente, retornarão este ano se não tiverem garantia de que irão receber. "Tiramos dinheiro do próprio bolso para cobrir o prejuízo de prestadores de serviços menores, que corriam o risco de quebrar se não recebessem", diz o presidente da SNC, Delmiro Gouveia.
A diretoria da Sociedade Nordestina de Criadores ressaltou ainda a importância da Exposição de Animais para a Economia do Estado. A feira, é a maior do Norte e Nordeste e a terceira maior exposição agropecuária do País. No ano passado atraiu cerca de 250 mil visitantes, 200 expositores, e resultou em R$ 20 milhões em negócios, além de gerar 2.500 empregos diretos e indiretos.
Respondendo pelo Governo do Estado, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário informou, através de nota que “foi procurada apenas uma vez pela Sociedade Nordestina dos Criadores desde que a atual diretoria da instituição tomou posse, no último mês de abril, e mesmo assim em uma visita de cortesia”. A nota traz ainda que a única demanda recebida em relação à Exposição de Animais deste ano foi a reserva do Parque de Exposições do Cordeiro de 16 a 24 de novembro para a realização do evento. A Secretaria de Desenvolvimento Agrário disse ainda “estranhar o fato de a instituição (SNC) ter procurado a imprensa para abordar tal assunto sem nunca ter tratado do tema ou apresentado tal pleito, e reitera estar de portas abertas para discutir as demandas de toda a cadeia produtiva do setor agropecuário pernambucano”.
"A Secretaria de Desenvolvimento Agrário esclarece que foi procurada apenas uma vez pela Sociedade Nordestina dos Criadores desde que a atual diretoria da instituição tomou posse, no último mês de abril, e mesmo assim em uma visita de cortesia. Esclarece também que, até o momento, a única demanda recebida em relação à Exposição de Animais deste ano foi a reserva do Parque de Exposições do Cordeiro de 16 a 24 de novembro para a realização do evento.
Desde janeiro, o Governo de Pernambuco vem mantendo diálogo frequente com as entidades representativas do setor, a exemplo de Sinproleite e Avipe, e com os próprios criadores de animais do Estado. Vem também desenvolvendo uma série de ações para fortalecer a pecuária pernambucana, como a edição dos decretos 47.182, 47.189, 47.220 e 47.356, a pedido dos produtores de leite, que contemplaram a revogação da isenção fiscal para importação de leite em pó, soro de leite e mistura láctea; reformulação da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados, o fim de benefícios fiscais para movimentações com leite em pó, soro de leite e mistura láctea via centrais de distribuição e o recolhimento antecipado do ICMS na aquisição de leite in natura proveniente de outras unidades da Federação.
A Secretaria lembra ainda que a própria sede da Sociedade Nordestina dos Criadores ocupa espaço cedido, sem ônus, no Parque de Exposições do Cordeiro, de propriedade do Estado. Por fim, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário estranha o fato de a instituição ter procurado a imprensa para abordar tal assunto sem nunca ter tratado do tema ou apresentado tal pleito a esta Secretaria e reitera estar de portas abertas para discutir as demandas de toda a cadeia produtiva do setor agropecuário pernambucano."