Por terra, pelas águas e pelo ar. Seja qual for a preferência do visitante, Igarassu dispõe de atrativos e serviços turísticos tão diversos quanto sol e mar, gastronomia, história, cultura, artesanato, aventura, ecologia, passeios de barco, de avião e até paraquedismo. A cerca de 30 km do Recife, o município é um dos que têm buscado fazer o dever de casa em busca da reestruturação do turismo no Litoral Norte de Pernambuco.
Os resultados da articulação entre poder público e iniciativa privada serão sintetizados em breve no projeto chamado de Rota 14. Instituído pela Lei Municipal 3.180/2019 no fim do ano passado, o roteiro formaliza um caminho que foi se constituindo naturalmente no entorno da PE-14. A via liga o distrito de Nova Cruz à BR-101, e por isso é mais conhecida como Estrada de Nova Cruz.
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Ali estão desde empreendimentos de grande porte, como o Aeródromo da Coroa do Avião; até a meios de hospedagem, a exemplo da Pousada Luar Eco Lodge; restaurantes, como o recém-inaugurado Porto do Vasco; e ateliês de arte e artesanato, caso do espaço de Roberto Vital, no Engenho Novo Camboa. “Como os equipamentos já existem, estamos buscando os recursos para melhorar os acessos e a iluminação, além de implantar uma ciclovia, tanto para os trabalhadores quanto para ecoturistas. O objetivo é tornar esse roteiro perene, para além de governos”, diz a secretária executiva de Turismo de Igarassu, Ana Alves. De acordo com a gestora, o lançamento oficial da Rota 14 deve ocorrer ainda neste primeiro semestre de 2020.
PELO AR: UM PANORAMA DO LITORAL NORTE
Seguindo a trilha já existente, uma das novidades é o voo panorâmico oferecido pelo Aeroclube de Pernambuco. Para quem gosta de aviação, o hangar, no Aeródromo da Coroa do Avião (Km 2,6), é como um parque de diversões. Até porque as aeronaves estacionadas no pátio mais parecem brinquedos de gente grande. O serviço, em contrapartida, é dos mais profissionais. Um comandante experiente pilota um Cessna 172, de fabricação americana, com capacidade para levar mais três passageiros. O custo total é de R$ 600 por sobrevoo. Também é possível fazer o tour individual (apenas você e o piloto), em um Cessna 152, por R$ 200. Em ambos os casos, o passeio dura 15 minutos. Parece pouco, mas é o suficiente para ter uma mostra de alguns dos principais pontos turísticos do Litoral Norte: o Forte Orange e Vila Velha, em Itamaracá, o casario colorido de Itapissuma e o Canal de Santa Cruz, o centro histórico e a Praia do Capitão, em Igarassu, além do Veneza Water Park e do Rio Timbó, em Paulista.
Da decolagem à aterrissagem, o voo é super tranquilo e emociona pela beleza da geografia da região, entrecortada por rios, mangues e filetes de terra como a ilhota da Coroa do Avião, que a aeronave circula de pertinho. A altitude máxima é de cerca de 1.000 pés, ou aproximadamente 300 metros.
POR TERRA: O TURISMO CULTURAL E RELIGIOSO
De 20 a 22 de março, lembra ele, o passeio pode ser complementado com outras atrações que fazem parte do Aerofest. Já parte do calendário turístico de Igarassu, o festival conta com apresentação de acrobacias aéreas, shows musicais, exposição de carros antigos e praça de alimentação. O ingresso custa R$ 30 (R$ 15 a meia-entrada) mais dois quilos de alimento não perecível.
O serviço funciona diariamente, das 8h às 17h, sob agendamento prévio. “Também fazemos voos turísticos sob demanda para o Litoral Sul ou até a Paraíba”, informa o comandante Adriano Gonçalves.
Um caboclo de lança talhado em madeira à beira da pista indica o caminho: adentrando pela margem esquerda da Rota 14, logo depois do aeródromo, para quem vem da BR-101, são mais quatro quilômetros até o ateliê de Roberto Vital. O artesão é um dos cinco mestres cujos espaços de criação fazem parte do roteiro.
Ainda do lado de fora da sua “casa-oficina”, impressionam os dois gigantes de cinco metros de comprimento que o artista está terminando de confeccionar. São imagens dos santos Cosme e Damião, padroeiros de Igarassu, que em breve darão as boas-vindas aos visitantes na entrada da cidade.
HISTÓRIA
Assim como as obras, o ateliê-residência é uma atração à parte. Construído em massapê, ao lado de um jardim onde os seus personagens quase ganham vida, está sempre aberto, das 8h às 17h, aos visitantes interessados no artesanato e numa boa prosa. Além dos temas religiosos, o trabalho do artista é feito das memórias afetivas da infância no Engenho Novo da Camboa, das histórias sobre cangaceiros e da rica fauna da região. Daí, surgem bichos-preguiças, macacos, araras, pescadores, índios, imagens de Lampião e presépios inteiros. Todos produzidos em madeira, geralmente de jaqueira, genipapo e coqueiro.”Muita matéria-prima às vezes encontro por aí abandonada”, conta Roberto, que também produz peças sob encomenda, hoje espalhadas pelo mundo.
No sítio histórico de Igarassu, a incursão pelas igrejas e casario colonial, começa no Centro de Atendimento ao Turista (CAT), onde condutores de turismo estão habilitados a municiar os visitantes de informações históricas e até acompanhá-los no tour. Reformado com recursos do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), o CAT também sedia a Casa do Artesão, com obras de diferentes técnicas desenvolvidas na região, em especial as peças feitas com conchas. Na parte de trás da edificação, ainda se tem uma bonita vista de Igarassu, que em tupi-guarani significa canoa grande ou rio de grandes pássaros, segundo conta a condutora Alana Assis.
Ao lado do espaço de recepção dos turistas, está a Casa do Imperador, construído no século 17, e, mais adiante, o Convento Recolhimento Sagrado Coração de Jesus, erguido pelos padres jesuítas para recolher crianças abandonadas, na chamada Roda dos Expostos. Já o Museu Histórico conta com mais de 250 peças de arte religiosa dos séculos 17 ao 20, com destaque para a pia batismal da antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Reserve um tempo maior para o conjunto arquitetônico barroco do Convento e Igreja de Santo Antônio, construído pelos franciscanos e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1939. Chamam atenção a riqueza de azulejos e as duas esculturas cobertas com camadas finas de ouro. O monumento também sedia o Museu Pinacoteca, que abriga uma coleção apontada como a mais importante do período colonial brasileiro. São 24 painéis dos séculos 17 e 18. Fique atento às “pegadinhas” deixadas pelos artistas anônimos nas telas.
O passeio continua, ainda, pela Igreja de Nossa Senhora do Livramento e Palácio Afonso Gonçalves, hoje sede da prefeitura.A secretária Ana Alves ressalta que está sendo realizado nessa área um projeto de embutimento da fiação e nova iluminação, que conta com recursos totais de R$ 1,7 milhão, somando o investimento do Ministério do Turismo e a contrapartida de R$ 85,8 mil do governo do Estado. “Será concluído até julho e lançado junto com toda a sinalização turística do sítio histórico”, diz. Dessa forma, monumentos como a Matriz dos Santos Cosme e Damião, uma das mais antigas do País em funcionamento, poderão ser apreciados e fotografados sem interferência. Marco do surgimento da Vila de Igarassu, o templo foi construído em 1535, após uma batalha dos portugueses contra os povos indígenas originários daquelas terras.
GASTRONOMIA
A caminhada deu fome? Se for hora do almoço, as opções passam pela tradicional fritada de aratu, no Povoado de Cuieiras, ou por um dos bares e restaurantes especializados em frutos do mar dos polos gastronômicos de Mangue Seco ou Nova Cruz.
Mas se a ideia for só fazer um lanche e tomar um cafezinho, o melhor lugar é a Padaria Campo Fértile (Avenida Diper 17). Especializado em pães artesanais, o estabelecimento usa farinha e fermento naturais franceses. “Há pães que levam até dois dias para ficarem prontos”, conta a proprietária, Inês Gugel, que mantém a padaria com o marido há 25 anos e se prepara para abrir uma unidade no bairro do Parnamirim, no Recife, em março.
Entre os destaques produzidos pela Campo Fértile, estão o premiado pão de batata com filé de siri e o brioche nordestino com jerimum. No quesito doces, a campeã é a torta Monjopina. Homenagem ao Engenho Monjope, que foi um dos importantes da região, leva na receita cachaça, passa de caju e mel de caju. A valorização dos ingredientes locais também baseia a Delícia de Igarassu, feita de coco, cachaça e ameixa. De lamber os dedos.
PELAS ÁGUAS: O TURISMO NÁUTICO
Com piscinas naturais, águas mornas e areia branquinha, Igarassu também é um ótimo destino para curtir um dia despretensioso de praia ou aproveitar para percorrer de barco as belezas da região. A ilhota da Coroa do Avião e a Praia do Capitão, mais conhecida como Mangue Seco, são os principais points. Nesta última, instalou-se no fim do ano passado o Catamaran Praia, um beach club que tem nos passeios de catamarã o carro-chefe. O roteiro dura três horas e é oferecido às terças, quintas, sábados e domingos, às 10h, e custam R$ 70 (adulto) e R$ 30 (criança até 10 anos). O mesmo tour também pode ser feito de lancha, por R$ 120 e R$ 60, respectivamente. Para quem gosta de aventura, há quadriciclos à disposição, ao custo de R$ 110 por 40 minutos, para duas pessoas. O tour guiado percorre a trilha dos mirantes e Nova Cruz.
HOSPEDAGEM EM MEIO À NATUREZA
Juli e Kiwi, uma arara-canindé e um papagaio-ecletus, dão as boas-vindas aos hóspedes. Na companhia deles como anfitriões da Pousada Luar Ecolodge, estão a ararajuba Ju e o papagaio-do-timé Paco, indicando que a pegada ali é de integração com a natureza.
Único empreendimento hoteleiro de luxo de Igarassu e parte da Rota 14, a propriedade de 70 hectares planeja abrigar um Parque das Aves, inspirado no de Foz do Iguaçu. Para isso, contratou a bióloga Ana Lima, que guia os hóspedes em várias das atividades já disponíveis na pousada, como as trilhas diurna e noturna pela mata atlântica, o plantio de árvores e a alimentação dos bichinhos pela manhã. “Em dois anos, devemos ter concluído a estrutura principal do parque, com entrada individual para o público geral e ainda mais interação com os animais, resgate, tratamento e soltura daqueles vítimas de maus-tratos, além de biblioteca e lanchonete”, adianta Ana.
Outro item que merece destaque é o café da manhã, servido à la carte, com frutas, sucos, café, iogurtes e pratos regionais. Um deleite para passar horas à mesa. O menu, aliás, é de dar água na boca em todas as refeições.Sobressaem-se o arroz de polvo e a cioba no papel alumínio. A carta de vinhos ainda é modesta, mas cumpre bem a função. Nas noites de sábado, à beira da piscina, os hóspedes contam com a opção do churrasco, preparado numa churrasqueira de chão, que só reforça o clima intimista da pousada.
A estrutura ainda conta com um enorme piscina aquecida e hidromassagem, que dão vontade de passar o dia na água. Mas vale a pena, sim, aproveitar também o conforto dos 18 chalés construídos em madeira em meio ao verde e sem televisão. Detalhe para o banheiro ao ar livre.Entre as atrações, estão também uma tirolesa de 12 metros de altura por 200 de comprimento e o balanço à beira do açude, que em breve poderá ser usado para passeios de caiaque e pedalinho, em meio a patos, garças e capivaras. Um restaurante flutuante instalado ali já garante um chá da tarde ou jantar cheios de romantismo. Até o fim de fevereiro, o parque infantil e a quadra poliesportiva estarão prontos, conta o gestor do espaço, Antônio Alves.
Também é possível alugar a Casa de Vidro, disponível para grupos. Espaço reservado, onde nasceu a pousada, ainda nos tempos em que a propriedade servia a competições de motocross, conta com seis suítes e capacidade para até 15 pessoas. A diária neste caso é de R$ 2.900, com café da manhã.
As diárias custam a partir de R$ 400 para o casal, incluindo o café da manhã. Os pacotes de Carnaval (de sexta a quarta) estão a R$ 2.850.O cenário é tão acolhedor, que passou a incorporar também um espaço para casamentos, com direito a capela e banquinhos ao ar livre, assim como área de recepção.
Para quem está de passagem ou deseja apenas usufruir da estrutura, há a possibilidade de day use, a R$ 150 por pessoa (crianças até seis anos não pagam), com direito a almoço, trilha e tirolesa.
ATRATIVOS DA ROTA 14
Povoado de Cuieiras
Fritada de aratu
Aeródromo Coroa do Avião
Aeroclube de Pernambuco
Pousada Luar Ecolodge
Atelier Roberto vital
Atelier Moisés Vital
Atelier Celina Vital
Atelier Márcio Lira
Atelier José Abias
Porto do Vasco
Espaço Amigos do Mangue
Catamaran Praia Club
Marina Horizonte
Marina do Gavoa
Bar do Kal (Complexo Gavoa)
Polo Gastronômico de Mangue seco
Praia do Capitão
Coroa do Avião
Polo Gastrônomo de Nova Cruz
Bar do Anderson
Boteco do Mago
Igreja Nossa Senhora das Dores
Fazenda zumbi
Ruínas