O Governo do Estado pagará R$ 497,5 mil à empresa Houer Consultoria e Concessões LTDA pelo estudo de viabilidade técnica, econômico-financeira, socioambiental e jurídica para uma possível concessão do Centro de Convenções de Pernambuco. A homologação da contratação foi publicada hoje (18) no Diário Oficial, após julgamento de recursos administrativos das participantes do certame. Embora alto, quase meio milhão de reais, o valor ficou abaixo do teto de R$ 839 mil, estabelecido no edital publicado no fim do ano passado.
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Segundo o documento, o estudo tem o objetivo de subsidiar o governo no processo de "celebração da parceria para fins de realização de investimentos, inclusive modernização dos equipamentos, operacionalização e manutenção do Centro de Convenções de Pernambuco (Cecon-PE), exploração da sua área de influência e empreendimentos associados, com a finalidade de desenvolvimento da infraestrutura turística do Estado".
Na prática, o estudo apresentará modelos alternativos de gestão para que a iniciativa privada assuma o Cecon-PE, seja através de uma Parceria Público-Privada (com contrapartida estatal) ou de uma concessão (sem contrapartida), por exemplo.
De acordo com o Secretário Executivo da Secretaria de Turismo (Setur), Antônio Neves Baptista, os estudos devem ser desenvolvidos em até um ano. "Parece muito, mas o tempo é até exíguo diante da complexidade e da idade do Cecon (o equipamento completará 41 anos em março)", justifica. "Nada impede até lá algumas melhorias pontuais", complementa.
O secretário executivo admite, no entanto, que os recursos prometidos pelo governador Paulo Câmara para a requalificação ainda não foram pactuados. "Ainda está em debate e (a decisão) deve ficar para após o Carnaval", diz.
CENTRO DE CONVENÇÕES É ALVO DE QUEIXAS
Prestes a completar 41 anos de funcionamento, o Centro de Convenções de Pernambuco tem sido alvo recorrente de reclamações do trade e de organizadores de feiras por falhas nas instalações elétricas e hidráulicas, problemas nos banheiros e na climatização e estrutura das salas, além de falta de acessibilidade e de tecnologia de ponta, entre outras questões.
Diante da queixas, o governo do Estado anunciou no ano passado que iria incluir a cada ano no orçamento R$ 20 milhões para obras de retrofit, mas o valor ainda não foi confirmado nem liberado.
Enquanto isso, o Centro de Convenções de Pernambuco começa a perder shows e congressos para equipamentos modernos de Estados vizinhos do Nordeste. Casos de Fortaleza e Salvador, que inaugurou em janeiro uma nova estrutura municipal já com 20 grandes eventos confirmados.
CAPACIDADE PARA 30 MIL PESSOAS
Mesmo com os entraves, o Centro de Convenções de Pernambuco ainda consegue ter uma ocupação razoável. Mas os eventos são menores e mais curtos do que o equipamento tem potencial para receber. Somente no Pavilhão de Feiras, de 18.670 metros quadrados, a capacidade do Cecon-PE é de 30 mil pessoas. Mas em 2019, apenas a Fenearte movimentou esse público.
Entre 2014 e 2018, o faturamento do Cecon pernambucano caiu 40,4%, de R$ 8,9 milhões para R$ 5,3 milhões. Em 2019, o volume até outubro era de R$ 5,9 milhões.
PROMESSAS
A reforma do Centro de Convenções de Pernambuco é prometida pelo governo do Estado pelo menos desde 2012, ainda na gestão de Eduardo Campos (PSB). Naquele ano, a administração estadual considerava lançar uma Parceria Público-Privada (PPP) para operação do equipamento, chegando a procurar empresas privadas. Não houve, contudo, interessados no projeto, que à época previa um investimento de R$ 1 bilhão para recuperar a estrutura existente e dobrar a capacidade do Cecon com novas construções. De lá para cá, a ideia foi reformulada algumas vezes, mas nunca concretizada.
O MERCADO DE EVENTOS E TURISMO
R$ 32 trilhões gerados por ano no mundo
R$ 936 bilhões por ano movimentados no Brasil
Participação de 12,93% no PIB brasileiro
25 milhões de empregos gerados no País, um de cada 4 empregos diretos ou indiretos
590 mil eventos por ano são realizados no Brasil, cerca de 1.600 por dia
Eventos são o terceiro principal motivo da visita de turistas estrangeiros ao País
Também são a razão principal das viagens de 60% dos passageiros em voos domésticos e internacionais
43% de todas de todas as viagens de negócios são estendidas por razões de lazer pessoal
As viagens de negócios cresceram 14,7% no primeiro semestre de 2019, comparado com o mesmo período de 2018
Gastos tiveram alta de 14,8%, saindo de R$ 4,85 bilhões para R$ 5,57 bilhões
Fontes: Abeoc; Ubrafe e Ministério do Turismo