A cada edição de Copa do Mundo, o discurso de que a Inglaterra tem uma seleção ‘sem peso’ no cenário mundial se reforça, passando cada vez mais do campo falacioso para se estabelecer como uma das verdades do futebol internacional - até mesmo para grande parte dos torcedores ingleses. Para não deixar isso aumentar, o renovado time da Terra da Rainha quer fazer um grande papel na Rússia. O primeiro passo é garantir a classificação para a próxima fase do Mundial já hoje, contra o Panamá, às 9h (horário de Brasília).
Com a classificação garantida no Grupo G, que ainda tem Bélgica e Tunísia, a esquadra do Three Lions pode se preparar com maior qualidade e tranquilidade. Assim, o time que desperta muitas expectativas pela geração jovem, pode de fato chegar voando na próxima fase da Copa do Mundo.
Contudo, mesmo o Panamá sendo o time teoricamente mais fraco da chave, o rival é visto com respeito. Até porque, da última vez em que os ingleses dividiram um grupo de Copa do Mundo com uma seleção da Concacaf, a Costa Rica deixou o rótulo de saco de pancadas’ e se tornou ‘El Mata Gigantes’ ao desbancar três campeões mundiais. Inclusive o time da Rainha.
Além do vexame no Brasil, a Inglaterra quer superar a dura eliminação na Eurocopa 2016, caindo para a Islândia na oitavas. Demitido, Roy Hodgson pôs fim ao ciclo decepcionante, iniciado em 2012. Como se não bastasse, o substituto no cargo, Sam Allardyce comandou uma única partida na estreia das Eliminatórias e foi demitido dois meses após o acerto, envolvido em um escândalo de corrupção na venda de atletas.
A solução veio da base. Zagueiro nas Copas de 1998 e 2002, Gareth Southgate deixou a equipe sub-21 e assumiu o comando do English Team de forma interina por quatro jogos. Mas o rendimento foi além do esperado. O 3 a 0 sobre a Escócia e o empate contra a Espanha em amistosos selaram a efetivação. Daí em diante, o time deslanchou. Boa parte pela sorte de cair em uma chave sem outros medalhões europeus nas Eliminatórias, mas o papel de protagonista foi exercido com sucesso. Em dez jogos, foram oito vitórias e dois empates, com 18 gols marcados e apenas três sofridos, terminando invicta ao lado de Alemanha, Bélgica e Espanha.
Southgate tem apenas duas derrotas em 16 jogos no comando da equipe principal e chega como grande esperança da recuperação inglesa na Rússia. Os únicos revezes aconteceram contra Alemanha (1 a 0) e França (3 a 2). Porém vale citar também os empates sem gols com a própria Alemanha e o Brasil no final de 2017, além do bom início de 2018, vencendo a Holanda e empatando com a Itália, todos em amistosos. Com base nisso, o torcedor inglês confia que sua seleção pode finalmente jogar de igual para igual com os grandes na Copa.
Southgate não apenas apagou o incêndio como deu uma forma ao time. Mais que isso. O treinador soube aproveitar com êxito os novos talentos garimpados na concorrida Premier League, onde a sede por montar super elencos tolheu por longos anos a formação de craques na Inglaterra.