Em meio ao maior escândalo dos seus 111 anos de história - a Federação Internacional de Futebol (Fifa) irá conhecer, nesta sexta-feira (28), o presidente que irá comandar a instituição pelos próximos quatro anos. Concorrem ao pleito o atual mandatário da entidade, o suíço Joseph Blatter, 79, e o príncipe jordaniano, Ali Bin Al-Hussein, 40. A votação está marcada para as 10h30 (horário de Brasília), na sede da entidade, em Zurique-SUI.
Terão direito a voto todas as 209 federações nacionais filiadas à Fifa. Como só existem dois concorrentes - o português Luís Figo e o holandês Michael van Praag desistiram da disputa -, vencerá o candidato que conseguir acumular mais de 51% dos números.
Apesar da prisão de sete dirigentes da Fifa - incluindo o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin -, acusados de crimes como corrupção, fraude e lavagem de dinheiro, Blatter continua como o grande favorito a permanecer no cargo. Há quatro mandatos à frente da entidade que comanda o futebol mundial, ele afirmou que pretende limpar a reputação da Fifa.
“Os eventos desta semana causaram uma grande sombra sobre o futebol. Ações de indivíduos trouxeram vergonha e humilhação para o futebol e exigem ações imediatas de todos e não podemos deixar que a reputação da Fifa seja manchada”, desabafou Blatter, ontem, na abertura do 65º congresso da instituição.
Apesar do desejo, o cenário não é tão favorável o quanto parece para o suíço. Esta será a primeira vez, nos últimos 17 anos, em que ele terá um concorrente à altura. Além de poder usar a imagem desgastada de Blatter, ainda mais após os episódios recentes, Ali Bin Al-Hussein ainda tem outra carta na manga. O jordaniano conta com o apoio de duas das três maiores federações continentais - Ásia e Europa.
Na Confederação Asiática de Futebol (AFC), com 46 países, Ali Bin Al-Hussein conta com boa parte dos votos dos associados, visto que é o atual vice-presidente da Fifa na entidade. Já na União das Associações Europeias de Futebol (UEFA), o candidato conta com a confiança do presidente Michel Platini, que, além afirmar ter garantido 46 dos 53 votos para Husseim, disse ter pedido pessoalmente para Blatter abandonar o cargo.
“Fui ver o presidente da Fifa, houve uma reunião, logo antes da reunião da Uefa. E o presidente da Fifa falava de rumores, de que algumas considerações não iriam ao congresso, tentando nos convencer de que a Fifa precisava ser forte. Eu tive a palavra primeiro e queríamos ter certeza de fazer o discurso mais duro possível. Disse a ele: “estou pedindo para que deixe a Fifa” A nossa imagem não pode continuar assim. Tinha de dizer cara a cara”, comentou Platini.
Joseph Blatter, por sua vez, tentou afastar a sua imagem do escândalo, jogando a responsabilidade a ações individuais. “Sei que muitas pessoas me consideram responsável pelos problemas da comunidade global do futebol, mas não posso monitorar a todos o tempo todo. Não podemos permitir que a ação de alguns destrua o trabalho duro e árduo de muitos, a maioria que trabalhou tão forte pelo futebol. Esses culpados pela corrupção no futebol são minoria”, finalizou.