GENEBRA (Suíça) – O FBI está investigando João Havelange e Joseph Blatter pelo pagamento de propina por parte da empresa ISL para o brasileiro nos anos 1990 que somaram cerca de US$ 100 milhões (atuais R$ 374 mi). E uma carta escrita por Havelange indicaria que Blatter sabia de tudo, desmentindo a versão mantida pelo suíço por anos de que não tinha conhecimento do esquema corrupto que o brasileiro havia estabelecido.
As revelações fazem parte de um documentário que vai ao ar nesta segunda-feira (7/12) na emissora britânica BBC. Nos últimos sete meses, as operações do FBI contra a corrupção no futebol sacudiram o esporte, levando à renúncia de cartolas, à prisão de mais de uma dezena e ao indiciamento de 41 pessoas. José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira – os últimos presidentes da CBF – são suspeitos de terem recebido propinas de “pelo menos” R$ 120 milhões. Del Nero foi convidado a depor na CPI do Futebol, nesta terça (8/12), no Senado.
Os norte-americanos, porém, indicaram que ainda não terminaram a investigação e, segundo a BBC, ela inclui outro brasileiro: Havelange, presidente da Fifa por 24 anos (de 1974 a 1998). Em 2013, ele foi obrigado a renunciar à presidência de honra da Fifa diante das revelações de que nos anos 90 recebeu milhões de dólares em propina da ISL em troca de contratos de transmissão para a Copa do Mundo. Ricardo Teixeira, seu ex-genro, também recebeu.
Um acordo foi fechado na Justiça suíça em que, sem admitir culpa, Havelange e Teixeira pagaram multa e o caso foi encerrado. Blatter insiste que desconhecia o esquema para fraudar a Fifa, embora fosse o braço-direito do brasileiro na entidade desde os anos 80.
O FBI decidiu mergulhar outra vez no assunto. No pedido de cooperação enviado pelos norte-americanos à Justiça suíça, os EUA indicam claramente que Havelange e Blatter são o centro do processo. O motivo seria uma carta assinada por Havelange que implica o suíço, incluindo até conselhos de Blatter ao brasileiro.