O fato de o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) ter oferecido denúncia anteontem contra nove membros da torcida organizada Jovem do Sport por crimes de maior potencial ofensivo, como associação criminosa, repercutiu de forma positiva entre os representantes de Sport, Náutico e Santa Cruz. Todos concordaram que punir os integrantes de uniformizadas envolvidos em atos de violência é a melhor forma de coibir as ações dessas facções e, consequentemente, atrair de novo as famílias para os estádios pernambucanos.
“Isso é algo que tem de ser tratado com firmeza e disciplina. Não é possível que o cidadão de bem seja refém dessas organizadas. Deixei de ir com a minha esposa para alguns estádios. Só vou à Arena (Pernambuco) porque lá é mais seguro. Sou apaixonado por futebol, mas não vou mais a jogos na Ilha ou no Arruda porque tenho medo de uma pedrada. Sou totalmente contra e abomino a ideia dessas torcidas”, comentou o presidente eleito do Náutico para o biênio 2016/17, Marcos Freitas.
Diferente do que costumava acontecer na gestão atual, o mandatário alvirrubro garantiu que não vai autorizar nenhuma festa de organizada na sede do Náutico, tampouco liberar o acesso de seus membros aos treinos da equipe no CT, como aconteceu este ano. “Não quero ter nenhum envolvimento com a Fanáutico”, enfatizou.
O Sport enxerga a ação proposta pelo MPPE como extremamente positiva, pois reforça a luta oficial e institucional do clube contra a Torcida Jovem. O rubro-negro pernambucano foi o único dentre os três grandes do Estado, a romper oficialmente com a sua principal uniformizada. “Que essa ação seja julgada o mais rápido possível. Nós estamos lutando, inclusive, pela dissolução dessa facção de larga folha criminal. O Sport já foi punido financeira e esportivamente por causa das ações dessa instituição. Os membros dessa torcida cometem os atos e somos nós que arcamos. Isso é um contrassenso”, disse o vice-presidente jurídico do Sport, Lêucio Lemos.
Apesar de se mostrar favorável ao endurecimento às organizadas, o Santa Cruz continua defendendo a não criminalização da instituição Inferno Coral, sua maior uniformizada. “Não só nessa gestão como na passada, o Santa é favorável à criminalização da bandidagem, independente de natureza. Agora você não pode criminalizar pessoa jurídica. Se dentro da Inferno Coral há bandidos, eles devem ser punidos nos rigores da lei. Não podemos generalizar”, comentou o vice-presidente jurídico coral, Eduardo Lopes.
Os presidentes em exercícios do Sport, João Humberto Martorelli; de Náutico, Glauber Vasconcelos; e do Santa Cruz, Alírio Moraes, foram arrolados pelo promotor do MPPE Marcos Carvalho como testemunhas do processo.