A Fifa solicitou à Justiça norte-americana que seja reembolsada em US$ 5,3 milhões (R$ 19,9 milhões) pelos danos causados por dirigentes brasileiros. A entidade afirma em sua alegação que Marco Polo Del Nero, José Maria e Ricardo Teixeira prejudicaram a imagem e "reputação" da entidade máxima do futebol.
Del Nero e Teixeira foram membros do Comitê Executivo da Fifa por anos e, segundo a entidade, teriam absorvido US$ 1,67 milhão (R$ 6,29 milhões) e US$ 3,5 milhões (R$ 13,2 milhões) respectivamente dos cofres da Fifa em gastos de viagem, hotéis e salários, além do impacto sobre a reputação. Já Marin consumiu US$ 114 mil (R$ 430 mil).
Em um recurso apresentado ao Ministério Público dos Estados Unidos, a Fifa estima que precisa receber pelo menos US$ 28 milhões (R$ 106 milhões) do dinheiro já coletado pela Justiça americana dos cartolas que já teriam confessado culpa. O dinheiro viria, por exemplo, dos recursos que José Hawilla já pagou como multa à Justiça dos EUA - cerca de US$ 151 milhões (R$ 569 milhões). No total, os americanos já recuperaram US$ 191 milhões (R$ 720 milhões) no escândalo do futebol. Os recursos dados como fiança, porém, não contam nessa avaliação.
O argumento da Fifa é de que foram os cartolas, e não a entidade, que roubaram os cofres do futebol e afetaram a imagem e reputação da entidade. A estratégia, acima de tudo, é para mostrar aos procuradores que a Fifa foi vítima, e não uma entidade criminosa.
Os advogados, portanto, fizeram os cálculos de quanto gastaram com cada um dos dirigentes hoje indiciados e querem esse dinheiro de volta para "o futebol". Além de Del Nero e Teixeira, a Fifa pede o dinheiro aos americanos referentes aos custos que tiveram com outros ex-membros do Comitê Executivo. Rafael Salguero da Guatemala, por exemplo, teria gasto US$ 5 milhões (R$ 19 milhões) dos recursos da entidade. Chuck Blazer, dos Estados Unidos, teria gerado "perdas" de US$ 5,3 milhões (R$ 20 milhões).
Del Nero e Teixeira foram indiciados pela Justiça americana por suspeitas de terem cobrado propinas milionárias em contratos com empresas de marketing e de televisão. Se deixarem o Brasil, serão presos e entregues ao FBI. José Maria Marin, ex-presidente da CBF, também foi preso e hoje aguarda o julgamento do seu processo em Nova York. Mas, como nunca foi membro do Comitê Executivo da Fifa, entra numa conta inferior da entidade.
Além dos US$ 28 milhões (R$ 106 milhões) em gastos com dirigentes, a Fifa pede parte do dinheiro para arcar com seus custos em advogados, avaliados em US$ 10 milhões (R$ 38 milhões) por mês. O apelo da Fifa vem no momento em que a entidade anunciará, nesta sexta-feira, seu primeiro déficit. Em 2015, o buraco deve chegar a US$ 103 milhões (R$ 388 milhoes).
Se até agora era a Justiça que acusava os dirigentes, agora é a Fifa que os denuncia por "corrupção". Segundo a entidade, os três cartolas brasileiros ocuparam "posições de confiança na Fifa e em organizações nacionais". "Ao longo dos anos, eles abusaram de suas posições para se enriquecer, enquanto causavam danos significativos para a Fifa", indicou o documento oficial enviado para a Justiça americana.
"Os danos foram amplas perdas financeiras (incluindo salários e dinheiro desviados ao seus bolso), assim como dano para a reputação, relações comerciais e à propriedade intelectual da Fifa", indicaram os advogados. "Suas ações afetaram profundamente a marca Fifa e sua habilidade de usar os recursos para fortalecer o futebol", concluíram.