Não é só dentro de campo que o Campeonato Pernambucano está caindo pela tabelas. O movimento declinatório também é visto do lado de fora, nas arquibancadas. Longe de ter um primor de técnica em seus jogos, o Estadual está perdendo a cada ano mais público. Só em 2017, a queda em relação a 2016 foi de 15%. Enquanto que 111.862 pessoas foram aos estádios no ano passado, apenas 94.733 estiveram nas arquibancadas das partidas do hexagonal do título do Campeonato Pernambucano nesse ano, totalizando uma pífia média de 3.157 torcedores por jogo. Mesmo com as baixas, a expectativa que o cenário melhore com o início das semifinais da competição neste final de semana. As decisões são um atrativo a mais para, quem sabe, fazer crescer o número de torcedores em campo.
Estádios vazios, praticamente sem torcida, foi a grande marca do Pernambucano desse ano. Alguns fatores podem ser elencados para tal encolhimento numérico. Preço dos ingressos, insegurança nos estádios, falta de qualidade técnica dos times, regulamento injusto... Tudo contribue para o problema.
Se compararmos com anos anteriores, a diferença se torna gritante. Esta é a menor média de público em, pelo menos, quatro anos. Para se ter ideia, o total conseguido em 2014 é mais que o dobro do que em 2017. 289.445 pessoas foram aos 30 jogos do hexagonal do título naquele ano, gerando uma média de 9.648 pessoas a cada partida.
O maior público até agora em 2017 foi de 12.408 pessoas, no clássico entre Santa Cruz e Sport, no Arruda, pela quarta rodada. Contudo, a maior receita líquida aconteceu em outro Clássico das Multidões, desta vez na Ilha do Retiro, pela oitava rodada, quando foram arrecadados R$ 120.857.
Já na parte de baixo, o menor público registrado chega a ser irrisório. Aconteceu na partida entre Central e Belo Jardim, pela quinta rodada, quando apenas 107 pessoas compareceram ao estádio Antônio Inácio, em Caruaru. A renda desse jogo também é lastimável, com R$ 390 arrecadados.
Segundo os borderôs de cada jogo, disponibilizados pela própria Federação Pernambucana de Futebol (FPF), sete partidas deram prejuízo nesta temporada. Totalizando um rombo de R$ 18.920. Vale ressaltar ainda que há outras despesas que não entram na conta, como manutenção da praça esportiva e pagamento de funcionários que trabalham no jogo.
“Só para ter ideia, quanto maior a renda, maior o custo. Quanto mais a gente ganha, mais a gente paga para a federação. Nos três últimos jogos no Arruda, tivemos uma despesa média de R$ 51.200 em cada partida. Mas isso engloba tudo, a despesa fixa e a variável. Só de despesa fixa, para abrir o estádio, é algo em torno de R$ 36 mil a R$ 45 mil a cada partida”, disse Alexandre Carvalho, diretor administrativo do Santa Cruz.
Resta saber agora se, com a fase decisiva batendo a porta, o Campeonato Pernambucano resgate o brilho e a torcida de outrora.
A situação dos estádios vazios preocupa os clubes que estão nas semifinais do Campeonato Pernambucano. O Santa Cruz, por exemplo, lançou uma bilheteria móvel, que irá vender ingressos pelas ruas da Região Metropolitana do Recife para as semifinais do Campeonato Pernambucano e do Nordestão. Outra medida do tricolor foi a de fazer casadinhas dos ingressos, a R$ 15, para os jogos das duas competições.
Já o Salgueiro também tende a apostar nas promoções dos bilhetes. Na última partida do hexagonal, contra o Belo Jardim, em casa, o Carcará colocou os ingressos a R$ 1 para quem era sócio do clube. O resultado foi o maior público dos sertanejos no ano, com 3.179 pessoas no estádio Cornélio de Barros. Agora, para o segundo jogo contra o Santa Cruz, pelas semifinais, semana que vem, o clube colocará os ingressos a R$ 10 para quem comprar de maneira antecipada.
“A gente está tentando de todas as maneiras levar o torcedor para o estádio. Sabemos que o povo está sem condições financeiras para ir a campo e o futebol é um lazer, não é obrigação. A expectativa é que o público aumente agora com as semifinais. Vamos enfrentar um time de grande torcida, que é o Santa Cruz. Acho que teremos entre seis mil a oito mil pessoas no Cornélio de Barros na semana que vem”, frisou José Guilherme, presidente do Carcará.
Náutico e Sport fizeram apenas promoções pontuais. Não há uma campanha constituída, apenas descontos em ingressos comprados de maneira antecipada.