O Campeonato Pernambucano de 2018 terá um personagem bem conhecido do futebol local à beira do gramado. Será Mauro Fernandes, que comandará o Central. Em entrevista ao JC, o técnico relembrou algumas histórias de quando comandou Náutico, Sport e Santa Cruz, além de outras curiosidades da carreira.
Eu tive um grupo de jogadores muito unido (Mauro Fernandes treinou o Náutico em 1995). Abraçaram a causa que a gente tinha. Chegamos a ganhar oito jogos seguidos e fomos campeões do segundo turno. Eu tinha que dar dinheiro para os caras irem treinar. Se não fosse isso, iríamos ter muitas faltas porque não tinha dinheiro. Chegamos a disputar o título, mas o Santa Cruz tinha um timaço e não teve como ganhar. Se o Náutico tivesse sido campeão naquele ano, estaria premiando a incompetência dos dirigentes.
Eu fui um dos primeiros a usar gravata na beira do campo. Se o clima estivesse mais ameno, eu usava terno. A partir disso as pessoas me associaram muito ao Vanderlei Luxemburgo. Lógico, sempre fui admirador do trabalho dele e ele é um amigo particular. Cada um se veste como gosta e como pode se vestir. Eu gosto de me vestir bem, principalmente quando estou na beira do campo. Eu represento o meu clube e, se eu chegar no jogo de chinelo e bermuda, eu perco o respeito dos jogadores e dos torcedores.
O nosso vestiário era muito alegre em 1998. Eu não tive nenhum tipo de indisciplina. Eu tinha um time com jogadores talentosos: Bosco no gol, Russo na lateral-direita. Tinha Wallace, Sangaletti, Lima, Jackson, Leonardo e outros tantos jogadores que fizeram história naquele time. O Sport daquele ano está gravado na memória dos torcedores. Foi campeão invicto do Campeonato Pernambucano, perdemos só dois jogos em mais de 40 que fizemos no ano em casa. Foi uma das maiores alegrias que eu tive.
Naquele time de 1998, nas vésperas dos jogos, os jogadores conversavam entre eles: “De quanto a gente vai ganhar amanhã? Amanhã a gente tem que meter três ou quatro.” Era uma resenha curiosa pela confiança que eles tinham. Porque um time que fez mais de 40 jogos em casa e perdeu só dois (para Corinthians e Palmeiras) tem que ter confiança.
Na época em que o Vanderlei Luxemburgo assumiu a seleção brasileira (1998), ele me convidou para ser o auxiliar dele. Mas eu quis seguir a minha carreira solo. Eu tinha uma carreira consolidada. Nunca fui muito ligado a empresário e isso me prejudicou um pouco. O mundo do futebol é dos empresários. Mas eu não me arrependo de nada.
O Sport é uma potência. Eu sou torcedor do Sport, por tudo que eu fiz por lá, pelo o que eu vivi. Fiquei muito apreensivo com a situação do clube esse ano, por conta da chance de rebaixamento. O Sport foi o time que me deu todas as condições de trabalho. Foi através do clube que eu cheguei longe.
O Santa Cruz foi o clube mais complicado em que eu passei em Pernambuco, porque eu não recebi um centavo (Fernandes treinou a Cobra Coral em 2007). Essa foi a grande dificuldade. O clube estava passando por uma situação muito difícil. Mesmo sabendo do gigante que é o Santa Cruz, os atletas não recebiam.
Meu amigo (repórter), é um sol para cada um aqui em Caruaru, chego em casa moído. As pessoas me param na rua para tirar foto, perguntam se eu estou realmente treinando o Central. O clube está buscando montar uma estrutura boa para dar condições ao atleta e a comissão técnica. Está cumprindo as expectativas. Eu estou bastante satisfeito com o que eu estou vendo.