Os passos das pernambucanas Jaqueline Carvalho e Dani Lins até a seleção

Jogadoras tiveram trajetórias semelhantes até se tornarem estrelas do vôlei nacional
Do JC Online
Publicado em 05/10/2014 às 7:00
Jogadoras tiveram trajetórias semelhantes até se tornarem estrelas do vôlei nacional Foto: Alexandre Arruda/CBV


Estrelas da seleção brasileira feminina de vôlei, as pernambucanas Jaqueline Carvalho, 30 anos, e Dani Lins, 29 anos, são partes fundamentais do time que está lutando pelo título no Mundial Feminino da modalidade, único que ainda não foi conquistado pela equipe de José Roberto Guimarães. Mas não é apenas esse fato que une a ponteira-passadora e a levantadora. Com histórias bem parecidas, ambas iniciaram as carreiras no Sport e deixaram o Estado aos 14 anos para jogar pelo BCN/Osasco-SP (atual Molico/Nestlé). As jogadoras foram contratadas pelo clube paulista após darem show em quadra quando representavam Pernambuco em Campeonatos Brasileiros infanto-juvenis da Divisão Especial.

A oportunidade de mostrar, tão cedo, o talento que já possuíam para os olheiros dos principais clubes de vôlei do País aconteceu graças à teimosia do técnico Zé Alves. Em 1998, ele estava com a convocação da seleção pernambucana infanto-juvenil (até 16 anos) para o Nacional, realizado em Macaé (RJ), praticamente fechada, quando resolveu dar uma última olhada na equipe do Colégio Boa Viagem. “Foi nesse momento que vi a passada mais bonita de toda a minha vida. Lá estava Jaqueline, com a camisa do CBV, demonstrando uma habilidade incrível no ataque em uma partida do Campeonato Escolar contra o Colégio Damas (nos Estaduais ela jogava pelo Sport). Até hoje, se colocarem Jaqueline junto com outras 100 atletas fazendo o movimento de ataque na minha frente, só de olhar para os pés, saberei identificá-la”, afirmou.

Segundo o técnico, naquela época, a pernambucana deixava muito a desejar nos fundamentos de passe e defesa, seus grandes diferenciais na seleção brasileira. Apenas após cinco meses treinando com o grupo que representou Pernambuco no Nacional de 1998 é que Jaque teria começado a apresentar a habilidade que a transformou na grande responsável por garantir o volume de jogo do time de José Roberto Guimarães. Outra lembrança que marcou Zé Alves foi a difícil condição financeira da ponteira na época. “Para que ela pudesse ter os uniformes da seleção pernambucana infanto-juvenil, eu e os membros da comissão técnica fizemos uma ‘cotinha’. Depois dos treinos, lembro também de ir deixá-la em casa, que ficava nas proximidades da Avenida Norte, porque, em diversas ocasiões, ela não tinha o dinheiro da passagem de ônibus. Jaqueline é uma vencedora. Sinto-me orgulhoso em vê-la arrebentando na seleção”, afirmou.

Foi também por insistência do mesmo treinador que, em 1999, Dani Lins ganhou a chance de aparecer nacionalmente aos 14 anos. Como as equipes de vôlei são normalmente formadas por apenas duas levantadoras, na época, ele foi bastante criticado por também tê-la convocado e viajado para o Brasileiro infanto-juvenil, realizado em Maringá (PR), com três jogadoras da posição na seleção estadual. “Dani Lins nem era tão alta (a atleta tem 1.83m), mas já era muito habilidosa e a nossa sorte foi tê-la na equipe. No primeiro jogo, contra o time do Rio Grande do Sul, a levantadora titular quebrou o dedo. A reserva, então, não correspondeu e Dani Lins entrou em quadra quando estávamos perdendo por 2sets a 0. Por conta da atuação dela, ganhamos de virada por 3 sets a 2. Ela foi incrível naquele Nacional e nem voltou para o Recife, sendo chamada para o BCN (Osasco), mesma equipe em que Jaque já estava”, relembrou Zé.

A partir daí, as jogadoras foram convocadas para seleção brasileira juvenil e foi apenas questão de tempo para passarem a integrar a equipe principal. Jaqueline tem duas medalhas de ouro em Olimpíadas (Pequim-2008 e Londres-2012), enquanto Dani Lins conquistou seu primeiro ouro olímpico, ao lado da ponteira, na última edição da maior competição poliesportiva do planeta. 

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