Lições de vida no tênis de mesa

Brasileiros são exemplos com histórias de superação
Do JC Online
Publicado em 11/08/2015 às 19:04


Carlyle Paes Barreto

TORONTO – No dia em que saiu a convocação para a seleção brasileira de futebol sub-17, Cátia Oliveira sofreu acidente de carro que a deixou paraplégica. Danielle Rauen tem doença degenerativa e sabe que, aos poucos, vai perdendo a condição motora. Por fim, Luiz Henrique Medina, nascido sem parte dos dois braços, sem uma perna e sem o maxilar inferior, além de ter sido abandonado com poucos dias de vida. Em comum, acima das deficiências físicas, os três são vencedores no tênis de mesa, defendendo o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos de Tortnto.

Longe de serem tratados como “coitadinhos”, são tidos como espelhos. Como lições de vida. Dani não se abate com a perspectiva de ter o grau de deficiência aumentado, Cátia sente-se feliz por defender o Brasil em um esporte diferente do que sonhou e Luiz Henrique, Kaíke, talvez seja o maior exemplo na delegação brasileira que o impossível existe no paradesporto.

Ao ser deixado pelos pais numa caixa de sapato numa calçada, Kaíke foi criado num lar para deficientes. Era apenas o coemço de uma incrível história. Depois de 40 cirurgias reparadoras, pode-se dizer um vencedor. Aos 63 anos, é medalhista parapan-americano jogando com a raquete amarrada no antebraço e viaja o mundo defendendo a seleção brasileira. Sem falar na vitória pessoal. É formado em citologia, trabalhou por 36 num hospital de São Paulo e tem um filho de 25 anos.

"Conheci o tênis de mesa já depois de aposentado. Mas mesmo isso tendo acontecido de forma tardia, mudou completamente a minha vida. Éuma motivação diária”, destaca. Mesmo não conseguindo uma medalha aqui, não penso em parar. Ainda tenho muita lenha para queimar”,completa Kaíque.

Caçula da delegação e ouro no Canadá, Dani mostra maturidade. Mesmo com apenas 17 anos. Especialmente ao lidar com a com artrite reumatóide, doença degenerativa incurável que atrofia os músculos e afeta as articulações. Diagnosticada aos quatro anos, a catarinense faz do tênis de mesa tanto uma forma de tratamento como uma motivação para ir frente.

O tênis de mesa é como um remédio para mim. Estou me mexendo todo dia. Se eu ficar parada, o problema se agrava. Sei que uma hora o meu corpo não vai aguentar mais, mas vou até onde puder. E espero que ele aguente por muito tempo”, disse, sempre de sorriso aberto.

Já Cátia, ex-profissional do futebol, mostra felicidade por voltar a defender a camisa verde-amarela. O esporte é tudo na minha vida, é isso que eu sei fazer. Acho que (esse título) é o começo da realização do meu sonho, que sempre foi defender o meu País. O tênis de mesa me deixou sonhar novamente com isso e não tem emoção maior que essa”, afirmou.


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