Diretores de cerimônias criticam infraestrutura e orçamento para os Jogos Olímpicos do ano que vem

Buscando preservar o fator surpresa -e cumprindo os termos de um acordo de sigilo-, os diretores das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos desconversaram sobre detalhes dos shows, mas criticaram abertamente os limites que os aguardam para a produção do espetáculo. Os principais são os obstáculos na infraestrutura do Maracanã para a passagem das atrações e um orçamento restrito.

Os diretores Fernando Meirelles, Andrucha Waddington, Daniela Thomas e Rosa Magalhães e o produtor-executivo Abel Gomes dizem contar com a criatividade para fazer mais com menos.

Uma das maiores limitações é a falta de espaço no Maracanã. "As condições do estádio são realmente difíceis. Esses limites logísticos acabam te obrigando a criar soluções. É extremamente limitante", afirmou Meirelles.

Outro desafio à inventividade dos diretores é o orçamento limitado. Sem divulgar um número preciso, Meirelles disse que o investimento será na faixa de dez vezes inferior ao de Londres. A abertura na cidade inglesa custou cerca de R$ 86 milhões, ainda longe de Pequim (R$ 200 milhões). O comitê organizador não confirma a comparação, e diz que divulgará o orçamento em breve.

"Um país que não tem saneamento básico não pode gastar a fortuna que foi gasta em Londres ou Pequim. É sensato fazermos uma coisa menor", disse o cineasta, acrescentando que o baixo orçamento é uma espécie de vocação do Brasil.

Para substituir a pirotecnia que marcou cerimônias anteriores, os diretores dizem que usarão a criatividade, sem precisar como.

"Não é a pobreza que determina a criatividade. Você vai na favela, no Nordeste e vê pessoas em situações horríveis criando coisas lindas", disse a diretora Daniela Thomas.

ENSAIOS

Os ensaios, que começam em fevereiro, devem acontecer no estádio Moça Bonita, que pertence ao Bangu e fica na zona norte do Rio.

Cerca de 12 mil voluntários participarão das quatro cerimônias -abertura e encerramento da Olimpíada, e abertura e encerramento da Paraolimpíada. Segundo o comitê, 10 mil já se inscreveram. O ideal, diz Abel Gomes, é ter 20 mil inscritos.

Para se inscrever, não é preciso ter habilidade específica ou experiência anterior.