Brexit: um mar de incertezas para o esporte britânico

De acordo com um estudo do BBC, cerca de cem jogadores europeus que atuam na Premier League não têm certeza de poder continuar nos seus clubes
AFP
Publicado em 24/06/2016 às 23:01
De acordo com um estudo do BBC, cerca de cem jogadores europeus que atuam na Premier League não têm certeza de poder continuar nos seus clubes Foto: Foto: BORIS HORVAT / AFP


Atratividade econômica, transferências de atletas, direitos de transmissão, vistos de trabalho: o voto dos britânicos a favor da saída da União Europeia pode ter consequências drásticas sobre o esporte.

Por enquanto, não há nada de concreto, mas o Brexit deixa os jogadores estrangeiros com futuro incerto. Os clubes da Premier League inglesa, campeonato de futebol mais rico de futebol, fizeram campanha a favor da permanência na UE, mas não teve jeito.

De acordo com um estudo do BBC, cerca de cem jogadores europeus que atuam na competição não têm certeza de poder continuar nos seus clubes, sendo que alguns, como Chelsea ou Arsenal, já escalaram recentemente times inteiros sem britânicos.

A queda da libra esterlina também pode impedir esses clubes de buscar novos reforços a peso de ouro.

O Brexit também pode prejudicá-los na hora de contratar promessas do futebol, já que o regulamento da Fifa autoriza transferências de menores de idade dentro da UE, mas as normas são muito mais restritivas fora do bloco europeu.

Ou seja, nessas condições, o Arsenal não terá mais condições de atrair talentos como o espanhol Cesc Fábregas, hoje no Chelsea, que estreou com os 'Gunners' aos 16 anos, em 2003.

Perda do poder de compra

Clubes de rúgbi e críquete, outros esportes muito populares no Reino Unido, também terão mais dificuldades para contratar estrangeiros.

"Acho que vamos levar dois anos para ter uma noção exata, mas haverá com certeza um impacto no futebol inglês", avisou o presidente da federação inglesa de futebol, Greg Dyke, que fez campanha contra o Brexit.

"Seria uma grande pena se grandes jogadores europeus não pudessem vir aqui por causa disso, mas não acho que isso vá acontecer. O número total de jogadores europeus pode talvez diminuir, mas tudo vai depender dos termos da saída da UE", completou.

Dan Lowen, advogado de um grande escritório especializado no esporte, também acha que o Reino Unido precisa manter o acesso ao mercado único europeu, sinônimo de libre circulação, para que a Premier League seja competitiva.

"Se mantivermos nosso lugar dentro do mercado único e aceitarmos a liberdade de circulação, nossa posição não deve mudar muito. Por outro lado, se a liberdade de circulação acabar, tudo dependerá do governo, que terá que estabelecer as regras para obter um visto de trabalho", explicou.

O regulamento em vigo atualmente para jogadores extra-comunitários já é drástico: o atleta precisa disputar de 30 a 75 % das partidas com sua seleção nacional nos últimos 24 meses, de acordo com a posição do país no ranking da Fifa.

Desta forma, jogadores como o francês N´Golo Kanté, revelação da Premier League com o surpreendente campeão Leicester, não poderá continuar na Inglaterra sem visto de trabalho.

A saída da UE já teve consequências econômicas diretas, com a queda de 10% da libra, que atingiu o valos mais baixo desde 1985. Um fator que diminui muito o poder de compra dos clubes da Premier League, apesar da verba astronômica dos direitos de TV.

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