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Após Rio-2016, Joanna Maranhão constata: ''sou boa nível mundo''

Nadadora pernambucana vai casar no próximo mês de outubro e já falou que aposentadoria não está nos planos de 2016

Gabriela Máxima
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Gabriela Máxima
Publicado em 23/08/2016 às 14:14
Satiro Sodré/Divulgação
Nadadora pernambucana vai casar no próximo mês de outubro e já falou que aposentadoria não está nos planos de 2016 - FOTO: Satiro Sodré/Divulgação
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Depois de sua quarta Olimpíada na carreira, Joanna Maranhão voltou ao Recife para descansar. A folga durou apenas uma semana. Afinal, ela já está treinando para disputar o Troféu José Finkel em setembro. Em entrevista ao JC, ela falou sobre seu desempenho no Rio-2016, as polêmicas nas redes sociais, o casamento com o judoca Luciano Corrêa e anunciou que não pensa em aposentadoria. O plano é testar novas provas e até fazer uma maratona aquática por diversão.

RECEPÇÃO

No Recife fui recepcionada com uma festa linda. Meus sobrinhos, meu irmão, o pessoal que nadava comigo. Os mais novos fizeram cartinhas. Elas dizem que eu sou uma inspiração por conta da minha disciplina, determinação. Quando eu leio algo nesse sentido eu digo “obrigada Deus, estou fazendo a coisa certa”. Essas crianças podem até não continuar na natação, mas têm o exemplo de alguém que perseverou. Então, eu não tenho nenhuma medalha olímpica, nenhuma medalha de campeonato mundial. Eu vivo a profissão de ser atleta 100%. Eu nunca usei nada ilícito, nem nunca vou usar. Me posiciono politicamente de fontes que acho que são corretas. Então, todos os dias eu coloco o travesseiro na cabeça e durmo tranquila.

RIO-2016

Eu acho que esses Jogos Olímpicos foram os que eu mais curti. E eu repito muito que eu usei minha maturidade e experiência, mas eu aliei à questão da estreia. Porque para mim era uma estreia. Eu estava me entregando ao esporte de novo. Considerei o tempo que fiquei parada, entre oito e 10 meses, e resolvi voltar para curtir. Eu acho que foi justamente porque eu me permiti ser feliz que eu baixei três vezes o tempo dos 400m medley. Bati recorde nos 200m costas, nos 1.500m livre e melhorei meu tempo nos 100m borboleta. Quem consegue fazer isso perto dos 30 anos? 

PÚBLICO

As pessoas que pagaram ingressos caros para estarem ali (no Estádio Aquático Olímpico) entendem o esporte. Apoiaram todos os brasileiros, até quem estava na série fraca e não tinha condições de ir à final. Era o meu caso nos 400m medley. Eu tinha que baixar 2,5seg e fazer isso não é fácil. E as pessoas vibraram comigo a prova inteira. Existem pessoas que compreendem e vivem isso comigo. Eu percebi que o esporte tem um alcance positivo nesses Jogos, porque realmente era uma energia surreal.

APOSENTADORIA

Meu irmão perguntou o que falta para eu realizar no esporte. Se eu fosse finalista olímpica de novo eu pensaria assim: “agora deu”. Eu tinha essa vontade de voltar, mas eu tenho dentro de mim essa competitividade. Eu queria ter condições de disputar com essas meninas a nível mundial. Então ter nadado para menos de 4min40seg, estar entre as 20 melhores do ranking internacional nos 400m medley, ter feito duas semifinais no Mundial de Kazan. Ter quase feito uma semifinal aqui (no Rio-2016). Isso tudo me mostrou que eu sou boa nisso. Eu não sou boa apenas no Brasil. Eu sou boa nível mundo. Não é falta de treino, ainda tenho gás. O que mais que eu posso fazer? É desafiar a mim mesma. Eu acho que é mais isso. E eu gosto da rotina de vir treinar. Eu estou toda dolorida porque voltei a malhar agora. Mas eu gosto disso. Essa rotina, a disciplina, isso tudo me faz muito bem. Então porque eu vou abrir mão de algo que eu gosto de fazer?

PROVAS

A gente não sentou ainda, mas nesse segundo semestre a gente vai treinar mais provas de fundo, 400m ou 800m livre, para ver o que pode acontecer. Não para eu parar de nadar os 400m medley, mas em competições eu testar outras provas. Ele (o técnico) entende essa coisa de eu querer viver experiências. Até os 50m livre eu melhorei meu tempo e é uma prova que eu não tenho a menor chance de nada. Eu não sou velocista. Meu técnico também diz: “Joanna, tem muita coisa para ser feita ainda”. E eu acho que essa longevidade na minha carreira é devido a uma série de coisas. Nikita também respeitou muito minha maturação. A maratona aquática vou tentar fazer por diversão. Eu não vou tentar ir para Tóquio-2020 com essa prova. Ana Marcela (Cunha) vai estar lá e ela foi feita para isso. Eu vou entrar para me divertir. Eu quero viver isso. Eu me desprendi do que as pessoas vão pensar de mim. Dane-se. Eu estou fazendo isso porque eu gosto. Se eu quiser treinar só uma vez por dia e disputar só Campeonato Pernambucano eu vou fazer. Para mim não tem problema nenhum. 

CASAMENTO

Daqui a menos de dois meses nós vamos casar (o noivo é o judoca Luciano Corrêa). Todo mundo acha que agora a gente vai se aposentar. Tem gente que manda mensagem desejando sucesso no novo ciclo. Em relação à cerimônia, por eu já ter casado a gente não vai poder fazer nada na igreja. Vamos fazer uma bênção no mesmo local da recepção. Será uma festa pequena para 100 pessoas por uma questão financeira. Ponderamos e vimos que realmente não dá. Queremos construir muita coisa e gastar com uma festa não era a prioridade. Por enquanto, a gente vai casar e não vai morar na mesma cidade até janeiro. Eu vou ficar indo para Belo Horizonte e ele indo para São Paulo, porque ele tem contrato com o Minas (Tênis Clube) e eu com o Pinheiros (de São Paulo). 

FUTURO

Para o próximo ano estamos vendo outras possibilidades. O clube (Pinheiros) já falou que tem interesse em permanecer com meu contrato e queria que eu ficasse lá, mas casada realmente não dá. Já estamos juntos há seis anos e meio e há três moramos em cidades diferentes. Acho que está na hora de estar junto realmente. A gente se completa muito bem. Fico muito empolgada quando penso no que o futuro nos reserva. Nos próximos desafios. A gente já viveu coisas maravilhosas e horríveis. Aconteceu um monte de coisa e a gente se fortaleceu junto. 

POLÊMICA NA REDE 

Não é tão simples como se parece. Fui em uma delegacia especializada no Rio de Janeiro. E nem tudo constitue crime, nem todo xingamento constitue crime. Muitas vezes é só um desacato. Mas tudo que se enquadra já está com a delegada. Ela já tratou outros casos como o de Preta Gil e Maju (Trindade). E eu acho que algumas pessoas vão ser pegas sim. A parte cível não dá um retorno financeiro muito grande, mas eu não quero tocar nesse dinheiro. Vai tudo para a ONG (Infância Livre, que combate a pedofilia). Existem certos tipos de verba que eu, enquanto atleta, não quis e não quero receber. Quero transformar em coisa boa. Eu ser crucificada é muito cruel. É uma confusão que as pessoas fazem. Eu não fui a primeira e infelizmente eu não vou ser a última. Eu estou partindo para os trâmites legais para que outras pessoas não passem por isso no futuro. 

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