Confraternização da vela brasileira, a 28ª edição da Refeno, a regata Recife-Fernando de Noronha, mostrou que o esporte acolhe todos os tipos de velejadores. Entre vencedores e últimos lugares, a travessia contou com 52 barcos e 389 tripulantes. Todos com espaço e funções nas embarcações. No geral, são três tipos de competidores que participam da regata: os cruzeiristas, os regateiros e os farreiros.
“Você tem o velejador que gosta de levar sua família para aproveitar Noronha, os cruzeiristas. Tem também o que vai correr para ganhar, os chamados regateiros. E você também tem o pessoal que quer fazer uma farra e curtir a ilha com os amigos. Tem espaço para todo mundo na Refeno”, afirmou Sérgio Avellar, diretor de Vela Oceano do Cabanga Iate Clube.
E o próprio Sérgio é um exemplo claro dessa tipificação de velejadores. Além de ser um dos organizadores da competição, o diretor de Vela Oceano do Cabanga também é comandante da embarcação Ciranda, que nesta Refeno foi campeã da categoria Aberto Multicasco B com o tempo corrigido de 34h59min10s.
No Ciranda, barco que participou pela segunda vez da Refeno, dos oito tripulantes, seis levaram o sobrenome Avellar para o alto mar. Além de Sérgio, os filhos Flávio, Júlio César, João Guilherme e Ana Raquel, a esposa Valéria e o irmão Gustavo fazem a travessia.
“Nosso barco é de cruzeiro e feito para a família curtir. Em 2016, fomos o décimo entre 52 embarcações a cruzar a linha de chegada. Porém, mesmo sendo os primeiros na nossa categoria (Aberta Multicasco A), não é o troféu que importa: estar junto com a família e dividir um espaço pequeno com pessoas especiais é muito importante. Todo mundo se envolve dentro do trabalho do barco”, explicou Sérgio Avellar.
Curtir também é o lema do barco Toro, do comandante Cleidson Nunes. Com 10 tripulantes, a embarcação fez uma grande festa em alto mar. Ao todo, foram 600 latas de cerveja, 100 litros de vinho e muito churrasco nas 40h18min50s de travessia na classe Turismo.
“O Toro é uma confraria de amigos que vem participar da regata. O nosso principal elemento é a festa, antes e depois da Refeno. Eu já fiz de tudo na vela. Fui até Fita Azul em 1996, com o catamarã pernambucano Catorze. Mas o melhor do esporte é a confraternização com os amigos. E a regata de Fernando de Noronha é uma grande festa com todos os amigos que temos no Brasil inteiro”, afirmou Cleidson.
Mas nem todos vão só para confraternizar. Desde 2010 participando da Refeno, o barco Jahú 2 foi a principal surpresa da edição 2016. Com o tempo real de 24h52min13s, a embarcação pernambucana foi a segunda a chegar em Noronha, atrás apenas do tricampeão Camiranga. Para isso, o comandante Luís Muriel fez uma preparação especial, com direito até a navio extra para levar o que não fosse essencial para velejar.
“É o sexto ano do Jahú na Refeno e a gente sempre vem com garra e vontade de ganhar. Esse ano, conseguimos baixar nosso tempo em quase 11 horas em relação a 2014, nossa última participação na travessia. O segundo lugar geral de 2016 foi a nossa melhor colocação. Foi uma conquista muito importante”, ressaltou Luís Muriel.