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Para-atleta sonha com notoriedade no lançamento do dardo

Para-atleta treina para evoluir resultados no lançamento do dardo e ganhar notoriedade no cenário nacional do esporte

JC Online
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Publicado em 06/08/2018 às 9:03
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Para-atleta treina para evoluir resultados no lançamento do dardo e ganhar notoriedade no cenário nacional do esporte - FOTO: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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“Eu sempre espero pela segunda-feira para voltar e treinar. Me dedicar a uma coisa que eu descobri recentemente e aprendi a amar”. A confissão emocionada é do para-atleta José Joaquim, que há três anos foi obrigado a ressignificar a vida após ser alvejado com um tiro no pescoço. Perdeu muitos movimentos do corpo e se tornou paraplégico. De lá para cá, trocou a rotina como segurança da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pelo esporte. Joaquim é um dos integrantes da equipe de para-atletismo da instituição de ensino. Por conta do esporte, entrou para a lista dos 10 melhores lançadores do dardo do Brasil e sonha disputar uma competição internacional representando o Estado.

A trajetória de José Joaquim é dividida entre antes e depois do dia 17 de abril de 2015. Nada data, ele estava trabalhando como segurança da casa dos estudantes quando foi surpreendido por dois assaltantes. Levou um tiro no pescoço e perdeu a consciência. Outras duas balas foram disparadas. A primeira ficou na parede, enquanto a segunda passou de raspão na cabeça. Livramento. Joaquim acordou minutos depois e foi socorrido. Felizmente, não teve oportunidade de visualizar os bandidos.

O PARA-ATLETISMO

Ele só se deu conta da gravidade da situação quando encarou a cadeira de rodas pela primeira vez. “Caiu a ficha que minha vida estava mudando. Só consegui pensar no dia que saí para trabalhar. Eu estava feliz, sorrindo. E voltei em uma cadeira de rodas. Foi a primeira vez que chorei por conta da situação”, revelou. Passou-se um ano até Joaquim receber o convite para conhecer o trabalho da equipe de para-atletismo na UFPE. Voltou ao local do antigo trabalho para assumir outra função: a de para-atleta. Naquele momento surgiu outra reviravolta em sua trajetória.

O treinador Ismael Marques apresentou as provas de lançamento – dardo, disco e peso – e iniciou um trabalho de técnica e fortalecimento muscular. Joaquim também conheceu os outros para-atletas. O grupo é unido e acolheu o novo integrante com muito carinho. “Quando cheguei todo mundo foi muito amigo e eu descobri uma família. As pessoas queriam saber minha história para ajudar e compartilhar as experiências. A gente vai aprendendo um com o outro. Com eles, eu aprendi a andar sozinho, descer calçadas, subir escadas. Aprendi a superar os problemas de acessibilidade e recuperei minha autonomia. Aqui eu aprendi não só sobre o atletismo, mas como viver com as dificuldades”, observou.

O próximo desafio do competidor será a fase final do Brasileiro de Para-atletismo, entre os dias 27 e 30 de setembro, em São Paulo. O objetivo é encerrar a temporada de 2018 entre os três primeiros do ranking nacional do lançamento do dardo, prova que é sua especialidade. Se depender da vontade, Joaquim já é campeão. “Eu já conquistei muitos objetivos pessoais e esportivos nesses três anos. Acredito que as coisas aconteceram para mim porque eu nunca baixei a cabeça. Com muito treino é possível. E eu estou trabalhando. Acredito que sou capaz e vou conseguir”, garantiu, o já então vencedor.

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