Impossível não combina com Michael Phelps. Aos 31 anos, depois de anunciar a aposentadoria e sofrer com problemas de álcool e depressão, o mito americano voltou a mostrar nesta terça-feira (9) que é o maior nadador de todos os tempos, ao elevar seu recorde de medalhas olímpicas para 25, incluindo 21 de ouro.
Phelps mergulhou na piscina pela primeira vez às 22h28, para reconquistar o ouro dos 200 m borboleta, sua prova predileta, da qual foi bicampeão em Atenas-2004 e Pequim-2008, antes ficar com a prata em Londres-2012.
Uma hora e vinte minutos depois, o astro voltou a nadar para fechar o revezamento 4x200 m, que venceu ao lado de Conor Dwyer, Townley Haas e Ryan Lochte.
Já são três ouros no Rio. O primeiro veio no domingo, com o revezamento 4x100 m.
O momento mais forte da noite foi sem dúvidas a conquista do 20º título olímpico. Uma marca simbólica, numa prova que também tem um significado especial para ele.
Foi a primeira prova que disputou em Olimpíadas, nos Jogos de Sydney-2000, quando tinha apenas 15 anos. No ano seguinte, também foi nesta prova que o americano quebrou seu primeiro recorde mundial, uma marca que superou oito vezes desde então.
A vitória não foi nada fácil. Phelps completou a distância com tempo de 1:53.36, apenas 4 centésimos mais rápido que o japonês Masato Sakay (1:53.40), que ficou com a prata. O húngaro Tamas Kenderesi levou o bronze (1:53.62).
Por ironia do destino, o sul-africano Chad Le Clos, que tinha quebrado sua hegemonia na prova, ficou fora do pódio, em quarto (1:54.06).
Uma doce vingança para o americano, que comemorou a marca histórica em grande estilo.
Quando viu que tinha terminado a prova na liderança, Phelps fez seu gesto caraterístico, levantando as mãos e pedindo a resposta da torcida.
Nem precisava pedir: todo o Centro Aquático se colocou de pé, gritando o nome do ídolo a plenos pulmões.
Por mais que esteja acostumado a subir ao pódio, Phelps não conseguiu esconder a emoção quando ouviu o hino nacional americano tocar, com a vigésima medalha de ouro olímpica no peito.
Com olhos marejados, ele alternava choro e gargalhadas. Afinal, nem tudo foram flores para o americano neste ciclo olímpico, muito pelo contrário. Ele chegou a anunciar a aposentadoria depois de Londres-2012, mas voltou atrás para tentar um último desafio: a quinta Olimpíada, no Rio.
O caminho foi cheio de percalços. O americano foi flagrado dirigindo embriagado, em 2014, e chegou a entrar em depressão.
A volta por cima aconteceu dois anos depois, na Cidade Maravilhosa, na frente de Boomer, seu filho recém-nascido de três meses.
Depois de descer do pódio, Phelps foi dar a tradicional volta olímpica da piscina e subiu até a arquibancada, onde estava seu filho, para pegá-lo nos seus braços, cercado de dezenas de fotógrafos. Certamente uma das cenas mais marcantes da história olímpica.
A comemoração do revezamento foi mais contida e sem lágrimas: apenas sorrisos e cumplicidade com seus companheiros de equipe.
A lenda de Michael Phelps não para por aí. O astro ainda vai nadar duas provas individuais, os 200 m medley e 100 m borboleta, para continuar escrevendo a história no Rio de Janeiro.