Há quatro anos, o Brasil perdia nova chance de conquistar o ouro olímpico, derrotado pelo México na final, em Londres. Neste sábado (20), no Rio de Janeiro, a oportunidade de conquistar o título inédito surge novamente, mas a seleção, sob a liderança de Neymar, precisará se vingar da temida Alemanha.
É verdade que uma vitória sobre a equipe olímpica alemã, repleta de jogadores sub-23, não terá o mesmo peso do que se os adversários fossem os comandados do técnico Joachim Low, responsáveis pelo fatídico 7 a 1, mas ajudaria a cicatrizar parte da ferida aberta na Copa do Mundo de 2014 e a amenizar a crise de resultados e de identidade que vive o futebol do Brasil.
Para isso, o técnico Rogério Micale conta com um trunfo: o craque Neymar.
O atacante do Barcelona, maior nome do futebol nos Jogos Rio-2016, não teve o nome manchado pela histórica goleada sofrida diante dos alemães no Mundial, porque não estava em campo devido à lesão na coluna sofrida na partida anterior, contra a Colômbia, pelas quartas de final.
Em meio aos sentimentos de vergonha e humilhação pós-Copa, um fio de esperança no torcedor brasileiro nascia de uma dúvida: e se Neymar tivesse jogado?
A pergunta nunca terá resposta, já que são times diferentes, disputando um torneio diferente em um cenário diferente, mas Neymar estará em campo no Maracanã, após trilhar junto com a seleção um caminho que não foi só de flores nos Jogos Rio-2016.
Tida como favorita ao ouro, a seleção, repleta de promessas do futebol brasileiro e com um ataque formidável no papel, com Gabriel Jesus e Gabigol fazendo a linha de frente ao lado de Neymar, teve início assustador de competição.
Nos dois primeiros jogos, dois empates sem gol contra as fraquíssimas equipes da África do Sul e Iraque que renderam duras críticas ao time e principalmente a Neymar, convocado para guiar os jovens rumo ao ouro.
Os insucessos obrigaram Micale a mexer na equipe e a seleção acabou encontrando sua formação ideal. Entra Luan, sai Filipe Anderson. Entra Wallace, sai Thiago Maia.
Com os dois jogadores do Grêmio na equipe titular, o Brasil se mostrou muito mais coeso e o ataque menos isolado. O resultado foram três vitórias animadoras: 4 a 0 sobre a Dinamarca para garantir a vaga, 2 a 0 sobre a Colômbia, pelas quartas de final, e impressionantes 6 a 0 diante de Honduras no Maracanã, palco da final deste sábado.
No espaço de uma semana, as críticas deram lugar aos elogios, as dúvidas foram substituídas por certezas. Agora, resta apenas uma partida, contra a temida algoz, valendo o inédito ouro olímpico.
Do lado alemão, a ordem é desassociar a seleção olímpica do 7 a 1.
"Este resultado não me interessa", sentenciou o técnico Horst Hrubesch. "São duas equipes diferentes. Aqui o importante é que estamos na final, é o nosso sonho".
De fato, são duas equipes diferentes. O único atleta que estava no Mineirão em 8 de julho de 2014 e que estará no Maracanã neste sábado é o zagueiro Matthias Ginter, campeão do mundo com a Alemanha, mas sem entrar em campo. Agora, é titular do time olímpico.
Assim como o Brasil, a Alemanha não teve início de Jogos Rio-2016 animador, mas acabou na final graças à força de sua camisa e um esquema tático parecido com o da seleção principal de Low, baseado no jogo coletivo, troca de passes e controle da partida.
Na fase de grupos, dois empates com México e Coreia do Sul e uma goleada previsível sobre Fiji (10-0), o que lhe valeu a segunda vaga no mata-mata. Nas quartas, triunfo sobre Portugal. A Nigéria foi seu último desafio para chegar à final e a vitória de (2-0) deu o direito aos alemães tentaram novamente destruir os sonhos brasileiros.
Brasil: Weverton - Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio, Douglas Santos - Walace, Renato Augusto, Neymar - Luan, Gabriel Jesús e Gabriel Barbosa. Técnico: Rogério Micale.
Alemanha: Timo Horn - Jeremy Toljan, Matthias Ginter, Niklas Suele, Lukas Klostermann - Sven Bender - Julian Brandt, Lars Bender, Maximilian Meyer, Serge Gnabry - Davie Selke. Técnico: Horst Hrubesch