A reportagem do Jornal do Commercio publicou na última terça-feira (3) uma matéria sobre os bastidores do Santa Cruz na passagem de Milton Mendes pelo clube. O JC tentou contato com o técnico, antes da publicação da matéria, mas só conseguiu contatá-lo nesta quarta-feira (4). Se valendo do seu direito de resposta, Milton falou das polêmicas envolvendo o auxiliar-técnico Thiago Duarte, o goleiro Anderson, além de atacar o executivo de futebol Luciano Sorriso.
Essa pessoa que disse que falei mal do Thiago Duarte, afirmo que isso é completamente mentira. Thiago é um treinador que eu levei (para o Santa Cruz) e vou falar mal? Posso ter feito um comentário de uma situação que poderia não ter sido feita naquele momento. Mas isso não é falar mal, e sim corrigir. Thiago não foi comigo para o São Bento porque só tinha uma vaga. Trouxe o Luiz Paião, porque acho que nesse momento ele vai me dar maior segurança para o que eu preciso aqui (no São Bento). Então, fica para uma outra oportunidade. Thiago pode ter essa possibilidade em outro lugar. Massaro (Paulo) é um profissional excelente (falou Milton justificando o motivo de ter passado a utilizar o treinador do sub-23 do Santa Cruz ao seu lado no profissional).
Eu não minei ninguém. Quando eu comecei a fazer algumas trocas foram relacionadas ao desempenho. Quando fala que eu minei Misael e tirei do jogo contra o Globo... Misael ia jogar e sentiu a perna e ficou fora. Depois desse jogo ele foi titular algumas vezes (nas dez partidas restantes da Série C, o atacante coral foi titular em apenas dois). Como tinha ganho Warley, que também era um homem de externo, o coloquei algumas vezes. Depois o Augusto ganhou espaço e, logicamente, que Misael perdeu espaço. Elias também era um jogador que estava bem... Jogadores jovens e que poderão ter oportunidade de serem vendidos. Em relação a começar a minar Willian Alves, liga para ele. Pergunta a ele (se foi minado). Liga para todos os jogadores, sem exceção. Pergunta se tive problema com algum jogador.
Liga para os dois. Pergunta para Anderson e Ricardo Ernesto e pergunta (se Milton que provocou uma discussão entre os dois). Foi falado sim que o Anderson, no jogo contra o Imperatriz, em casa, fez pouca cera. E foi isso que falei, que era importante segurar o jogo. Foi dito perante o grupo. Mas dei razão a ele quando ele justificou que tinha dois amarelos e não podia levar o terceiro (para não ser suspenso). Nisso Ricardo Ernesto falou: ‘Por que estou aqui, então?’. Teve uma troca de palavras, mas nunca um desentendimento. E ficou nisso mesmo. Porque não não existia problema (respondeu Milton Mendes, sem explicar o porquê manteve Anderson treinando entre os reservas na semana do clássico contra o Náutico).
Essa entrevista (publicada pelo JC na terça-feira) foi direcionada para tirar o foco do que verdadeiramente é. O time foi mal feito no início do ano. O presidente delegou poderes a uma pessoa e essa pessoa construiu mal a equipe. E agora está tentando jogar a responsabilidade em quem não está mais no clube. Isso de forma pobre, triste e fraca. Cobrança sempre vai existir... Fiz isso na Ferroviária, no Vasco, no Athletico-PR, no Sport e aqui no Santa Cruz. Quem não trabalha não quer ser cobrado. O time foi montado pelo Luciano Sorriso. Pergunta a ele o porquê está tentando tirar o foco? Quando entrei no clube o time estava em último, com uma equipe montada por Luciano. Por que está tentando tirar o foco agora? Eu fazia reuniões de padres, pastores, entre os familiares... Reuniões que ele (Sorriso) achava que não deveria ter. Ele estava procurando dividir. Não venha com história de jogar a responsabilidade para mim. Assumo minhas responsabilidades dentro de campo. Meu trabalho de campo foi feito e os jogadores fizeram o que tinham de fazer. Agora existe gente que está tentando tirar o foco e passar para mim. Jogar a responsabilidade para mim e eu não tenho. Peguei o time em último lugar e levei a um ponto da classificação. O problema existia de quem estava do lado de fora. Que não queria profissionalizar o clube, pois se o Santa Cruz fosse para a Série B haveria profissionalização. E, havendo, teria pouco espaço para os amadores.
Dizer que Pipico jogou lesionado é uma mentira absurda. Nenhum jogador atuou lesionado. Houve cuidado em todas as áreas. Tínhamos um profissional de gabarito que era o diretor-médico Antônio Mário. Extremamente competente. Pena que Pipico está lesionado, pois iria tentar trazê-lo para cá (São Bento). O que existe são pessoas querendo deteriorar a minha imagem para mudar o foco. Pergunte a Tininho (Constantino Júnior, presidente), Jomar (Rocha, ex-diretor de futebol, mas atualmente colaborador do clube), Roberto Freire (diretor financeiro). Muito importante falar a verdade. Milton chegou com o time em último, as pessoas com medo (rebaixamento) e cheguei para ficar à frente. E tomei à frente. Mas não admito mentiras. Falem a verdade.
* A reportagem do Jornal do Commercio em nenhum momento da entrevista com Milton Mendes mencionou o nome do executivo de futebol Luciano Sorriso. O treinador, por iniciativa própria, tomou a iniciativa de citar o dirigente do Santa Cruz e fazer tais acusações.
** Mesmo respaldado pelo artigo 5° inciso XIV da Constituição Federal (é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional), o JC reforça que Luciano Sorriso não foi uma das fontes ouvidas na reportagem. E que, após as acusações feitas por Milton Mendes, tentou contato com o executivo de futebol do Santa Cruz para ele se posicionar sobre o que foi dito, mas ele não atendeu e nem retornou as ligações. A assessoria do clube coral também não conseguiu localizar o dirigente até o fechamento da matéria.