Com o elenco fechado, a diretoria do Sport pôde enfim desacelerar no mercado e concentrar suas atenções em um projeto tratado internamente como prioridade e que promete deixar importante legado ao clube: um Centro de Inteligência. O departamento, que deve começar a funcionar ainda nesta temporada com profissionais no Recife e também em outros países da América do Sul, está em fase final de desenvolvimento estrutural.
A finalidade do Centro de Inteligência pode ser dividida em três pilares. A primeira é monitorar atletas brasileiros e estrangeiros para possíveis negociações. A outra é analisar com estatísticas o próprio time e os adversários, visando melhorar a performance em campo. E, por fim, o departamento se propõe a estreitar as relações entre o Leão e equipes internacionais para intercâmbios de jogadores e técnicos. A primeira parceria deve ser fechada com um time chileno (o nome é mantido em sigilo).
Inicialmente, o Sport deve investir cerca de R$ 200 mil para tirar o centro do papel. O valor será utilizado para a compra de softwares de computador utilizados por grandes clubes da Europa e para a contratação de profissionais especializados em monitoramento de atletas – três trabalharão no Recife compilando e estudando os dados, enquanto os outros agirão como “olheiros” no Brasil e em países da América do Sul. Serão alvos dos rubro-negros tanto jogadores das categorias de base como profissionais. “Nesse começo, não precisaremos de um alto investimento. Vamos ter que apostar em recursos humanos, pessoas com qualidade reconhecida”, disse o executivo de futebol André Zanotta.
Dos pilares, o principal será monitorar atletas em mercados periféricos da América do Sul para possíveis negócios. Com a chegada de Zanotta à Ilha no fim do ano passado, o Sport passou a apostar em estrangeiros na formação de seu elenco. Foram contratados cinco para essa temporada. Entre eles, o atacante colombiano Reinaldo Lenis, que custou R$ 3,5 milhões aos rubro-negros – atleta mais caro da história do futebol pernambucano. “Por que o Arsenal chega, o Bayern de Munique chega... E pega um jogador no Chile como Alex Sánchez novinho ou Vargas novinho, paga um valor baixo e depois vende, e a gente que está aqui do lado não consegue fazer isso?”, indagou.
O executivo ressalta que o centro vai permitir ao clube, independentemente da gestão que estiver no comando do Sport, rentabilizar com as negociações. “É preciso ter pessoas de confiança, tanto no Recife como nesses lugares (outros países), para que avaliem bem os jogadores e passem informações confiáveis. Assim, vamos conseguir avaliar bem para poder investir 200, 300 mil dólares em atletas que podem valer milhões mais na frente. Vão nos dar qualidade em campo enquanto estiverem aqui e depois retorno financeiro”, projetou Zanotta.
Para o executivo, o centro dá ao Sport condições de montar elencos mais fortes investindo menos. Zanotta disse que um departamento como esse que será montado na Ilha era um sonho antigo seu no futebol. “A administração de Martorelli me dá a oportunidade de profissionalizar o futebol e fazer coisas que sempre sonhei. Um projeto que não agrega apenas ao clube como ao futebol brasileiro como um todo. O Sport está num caminho muito bom. Esse centro pode ser um divisor de águas para dias ainda melhores para o clube”, pontuou o executivo.