Metrô do Recife: sem estadualização e recursos, sistema segue sobrevivendo com 50% do que precisa. E ninguém faz nada!
Sistema tem orçamento de custeio previsto para 2022 no valor de R$ 93 milhões e, desse total, R$ 73 milhões tinham sido liberados até agora. Mesmo assim, necessitaria de ao menos R$ 120 milhões
Não aguentamos mais repetir: a mais recente quebra do Metrô do Recife - que provocou a paralisação da Linha Centro por mais de 20 horas nesta quarta-feira (29/6) - é mais um efeito resultante do abandono financeiro do sistema metropolitano, essencial para quem reside na Região Metropolitana do Recife. O metrô segue sobrevivendo de migalhas, sem orçamento sequer para cobrir as despesas de custeio, essenciais à operação de um sistema que precisa, antes de qualquer coisa, oferecer segurança ao passageiro.
Sem dinheiro, não há manutenção correta porque não existem mais peças e equipamentos para substituir os desgastados. Pelo menos nos últimos três anos - anteriormente também, mas numa frequência menor -, essa informação é dita e repetida às vezes toda semana, certamente uma ou duas vezes ao mês. Sem que ninguém faça nada. Absolutamente nada.
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Segundo informações da Superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife, gestora do metrô, o sistema tem um orçamento de custeio previsto para 2022 no valor de R$ 93 milhões e, desse total, R$ 73 milhões tinham sido liberados até agora. Mesmo assim, o metrô necessitaria para cobrir a operação da forma correta de ao menos de R$ 120 milhões, em média.
Para investimentos, a CBTU só tem previsto R$ 7, 6 milhões para 2022. A Companhia destaca que alguns investimentos foram feitos pela Administração Central da CBTU em Brasília, mas não informa quais.
METRÔ NÃO PASSA CONFIANÇA
Quem depende, sofre e se revolta com o jogo de cena que tem cercado o sistema, sempre usado politicamente: “É dia sim, dia não. Mas toda semana. É complicado demais. E tudo isso pagando uma passagem cara. R$ 4,25 é caro, muito caro para o trabalhador. Não é justo. E não vemos ninguém brigar para melhorar”, critica o servidor público federal Carlos Eduardo Macedo, que anda de metrô diariamente para chegar ao Centro do Recife, onde trabalha.
“Os funcionários do sistema só aparecem quando têm o emprego ameaçado, depois somem. E o poder público não liga. Nem o federal nem o estadual. É preciso entender que o metrô é um problema de todos”, segue criticando.
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QUEBRAS DO METRÔ
São muitas as consequências do abandono. Mas a principal delas é a quebra e a consequente paralisação do sistema, prejudicando os passageiros que dependem do serviço. Já foram 400 mil pessoas transportadas por dia, nas duas linhas principais do sistema: Linhas Centro e Sul. Agora está no patamar dos 200 mil passageiros diários.
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A crise econômica aliada ao aumento de mais de 180% no valor da passagem - que subiu de R$ 1,60 para R$ 4,25 num período inferior a dois anos - e as quebras provocadas pelo sucateamento espantaram o usuário.
Também de acordo com os dados encaminhados pela CBTU, foram nove quebras somente entre janeiro e abril de 2022. Em 2021, outras 22 paralisações. Algumas superiores a 24 horas de interrupção do sistema, o que comprova o grau de desmonte do metrô. A maioria com mais de 10h.
ESTADUALIZAÇÃO DO METRÔ ENGAVETADA
Em maio, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, se comprometeu pessoalmente com os metroviários de que não iria avançar com o processo de estadualização e, posteriormente, concessão do Metrô do Recife à operação privada.
Assumiu o compromisso depois que técnicos da Secretaria de Planejamento de Pernambuco - com o seu aval - modelaram uma proposta de Parceria Público Privada (PPP) em parceria com o Banco do Nordeste, a pedido do governo federal. O Ministério da Economia decidiu conceder os sistemas operados pela CBTU no Brasil, além da Trensurb de Porto Alegre para gestão privada. E, apesar da recusa do Estado, os estudos seguem.
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Os metroviários pressionaram e ameaçaram paralisar o metrô, conseguindo travar o processo pelo menos na gestão de Paulo Câmara. Agora, o sindicato da categoria diz que segue na luta para ajudar o metrô, enquanto as quebras continuam.
Segundo Luiz Soares, presidente do SindMetro, há uma expectativa de que o sistema receba um aporte de R$ 29 milhões. Mas por enquanto são apenas promessas do governo federal. “Estivemos no MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional) e nos foi garantido que em julho o Metrô do Recife receberá esse recurso. E em setembro mais R$ 30 milhões ou R$ 40 milhões referentes a uma porta orçamentária de recursos que virão de outros ministérios para o MDR. Estamos aguardando”, disse.
ADMINISTRAÇÃO CENTRAL DA CBTU
Também por nota, a Administração Central da CBTU, em Brasília, confirmou que o Metrô do Recife recebeu neste mês de junho recursos adicionais do MDR para a operação do sistema, mas não informou a quantia.
Mesmo assim, reconheceu que o aporte ainda não é suficiente para todo o ano. E que, por isso, “segue em tratativas com o MDR para viabilizar a suplementação necessária para a plena operação de sistema”. Apenas.