O Brasil perdeu uma posição no ranking global que mede anualmente o Índice de Liberdade Econômica e passou a ocupar o 100º lugar neste ano. O País obteve 57,7 pontos e classificou-se na categoria "maioria não livre", de acordo com o estudo divulgado nesta terça-feira, em Porto Alegre (RS), pelo Instituto Liberdade (IL).
O levantamento mundial analisa dez questões para compor o índice como a liberdade fiscal, empresarial, trabalhista, monetária, do comércio, do investimento e a financeira, além do direito de propriedade, combate à corrupção e o tamanho do governo na economia de cada País.
De acordo com Ricardo Sondermann, presidente do Instituto Liberdade, o Brasil está nos últimos cinco anos entre a 113ª a 100ª posição. "Estamos sempre no meio da tabela e não conseguimos evoluir. E já somos a 6ª economia do mundo", afirma. Para ele, é preciso unir capacidade e oportunidade para que o País possa crescer no ranking. "O Brasil teve a oportunidade de exportar commodities, mas uma hora a oportunidade acaba ou fica mais restrita e vamos precisar da capacidade, como em infraestrutura, por exemplo, para investir. Mas nossa condição e capacidade de fazer a longo prazo é nula."
Ele avalia ainda que a alta carga tributária do País, a participação excessiva do governo para construção do PIB e as questões trabalhistas locais são fatores responsáveis para a colocação do Brasil no ranking, na medida em que dificultam a vida do empresário e do trabalhador. "O empregado precisa ser protegido, mas a lei como é hoje encarece muito (as contratações)."
Embora esses quesitos continuem impedindo a melhora da classificação do País, no item liberdade financeira o Brasil figura na 40ª posição, por conta da realidade das instituições bancárias. "Nosso sistema bancário é considerado bom, eficaz. Além disso, ele tem um sistema nacional e integrado. Até mesmo os grandes bancos estatais operam com uma cabeça privada, com políticas e governança eficientes", destaca Sondermann.
Quesitos
O levantamento avaliou a situação em 177 nações. Segundo o IL, o índice demonstra que, quanto maior o nível de liberdade econômica, melhores são as condições em quesitos como: saúde, crescimento econômico, renda per capita, educação, proteção ao meio ambiente e bem-estar geral. Na centésima posição, o Brasil ficou atrás de nações como: Zâmbia (93ª), Líbano (91ª), Guatemala (85ª), Paraguai (80ª), Mongólia (75ª), Colômbia (37ª) e Uruguai (36ª).
Entre os Brics, bloco que reúne ainda Rússia, Índia, China e África do Sul, o País é o segundo melhor, perde apenas para os sul-africanos, que estão na 74ª posição. A Rússia é a pior colocada no 139º lugar, seguida por China (136º) e Índia (119º).
Entre os 29 países das Américas Central e do Sul, o Brasil ocupa a 19ª posição, "à frente da Argentina (160ª) e da Venezuela (174ª), por exemplo", ressaltou.
O líder da lista de 2013 é Hong Kong, com 89.3 de pontuação, na frente de Cingapura, que obteve 88 pontos e Austrália, com 82.6. Os Estados Unidos, que já ocuparam o topo do ranking, ficaram em 10º lugar, com 76 pontos. Segundo o IL, os norte-americanos têm registrado declínio consecutivo em liberdade econômica, com escore de perda acumulada de cinco pontos ou mais desde 2008.
O estudo classifica cada país em até cinco divisões: "livre", com escores combinados de 80 pontos ou mais; "maioria livre", atingindo de 70 a 79,9 pontos; "moderadamente livre", países que ficam entre 60 e 69,9 pontos; "maioria não livre", com escore de 50 a 59,9; ou "reprimido", abaixo de 50 pontos.
O Índice de Liberdade Econômica é calculado anualmente pelo centro de estudos norte-americano Heritage Foundation e pelo The Wall Street Journal, com dados de diversos órgãos internacionais como Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI), vários bancos centrais do mundo, entre outros. No Brasil, quem traduz e é responsável pela divulgação é o IL, com apoio do Instituto de Estudos Empresariais (IEE).
O Instituto Liberdade, com sede em Porto Alegre, é uma organização não governamental (ONG) que desenvolve estudos, pesquisas e propostas em políticas públicas. Já o IEE, também no Rio Grande do Sul, tem como intuito formar jovens lideranças empresariais e defender "manutenção dos valores da economia de mercado e da livre iniciativa". O órgão conta hoje com 150 associados, entre 20 e 35 anos.