Matemática deve ser ensinada sem pressão, defendem professores de Harvard

"Deve ser um diálogo entre amigos, tentando juntos chegar à solução de um problema", defendeu Ellen Kaplan
Da ABr
Publicado em 11/09/2014 às 19:28


O casal de professores Ellen e Bob Kaplan, da Universidade de Harvard, ministrou curso de preparação de educadores, no Instituto Brasileiro de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio. O objetivo foi capacitar os profissionais a desenvolverem as atividades do Círculo da Matemática, método desenvolvido pelos professores americanos para incentivar o interesse de crianças na disciplina e estimular o raciocínio lógico, por meio da discussão coletiva dos problemas.

"A matemática precisa ser ensinada em uma atmosfera sem pressão. Deve ser um diálogo entre amigos, tentando juntos chegar à solução de um problema", defendeu Ellen Kaplan. "Os matemáticos tendem a ser cooperativos, porque a matemática é difícil. Quanto mais as pessoas trabalham juntas, mais elas constroem juntas".

No Brasil, reuniões semanais do Círculo da Matemática, com sete a dez alunos cada, ocorrem em 60 escolas de sete cidades desde o ano passado e devem chegar em breve ao Rio de Janeiro, a Duque de Caxias e a Porto Velho. Cerca de 7 mil estudantes participaram. A coordenadora do projeto no Brasil, Angels Varea, conta que os resultados aparecem em três níveis.

"Vimos impactos do ponto de vista de a criança se sentir com mais confiança para pensar e a descobrir, com maior conhecimento matemático e com uma melhor socialização, aprendendo a escutar o ponto de vista dos colegas. Elas começaram a participar mais", disse.

O método dos professores Kaplan é apresentar problemas que requerem raciocínio lógico dos alunos, provocando-os a resolver a questão, a partir de sugestões de todos, em um clima de cooperação. Bob Kaplan defende que o aprendizado pela busca do conhecimento é mais fixado do que aquele passado diretamente pelos professores.

"Diga-me, e eu esqueço. Pergunte-me, e eu descubro. Encontrar as respostas faz com que tenham orgulho de si mesmos. Não é um embate do homem contra si mesmo, ou do homem contra os outros homens. É um luta do homem contra os deuses, os deuses da matemática", argumenta.

Silvia Maria Couto, coordenadora Técnica de Matemática da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, conta que a adoção da atividade em algumas escolas ainda está em estudo, mas defendeu que novas perspectivas são positivas para o avanço da educação: "Quanto mais ideias surgirem, melhor será o nosso ensino. O aprendizado não é algo pronto; ele evolui com o mundo. A todo momento temos que ir em busca do que está faltando.

No encontro desta quinta-feira (11) no Impa, o coordenador-geral da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, Carlos Landim, que também é diretor do instituto, lembrou que nesta semana será promovida a segunda fase do concurso, que, de acordo com ele, busca identificar talentos por sua capacidade de raciocínio, criatividade e abstração, e não pelo seu conhecimento formal.

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