Disque 100 recebe mais denúncias de homofobia em quatro dias que em três anos

Após ser questionado pela candidata Luciana Genro (PSOL) sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, Levy Fidelix classificou a homossexualidade como distúrbio psicológico
Da ABr
Publicado em 01/10/2014 às 23:17
Devido à impossibilidade temporária do encontro físico, muitos serviços passaram a oferecer atendimento e acolhimento às pessoas por meio de chamadas telefônicas ou pela internet Foto: Foto: Guga Matos/JC Imagem


Em apenas quatro dias, o serviço telefônico Direitos Humanos – Disque 100 recebeu 6 mil denúncias de homofobia, em relação às declarações do candidato à Presidência da República Levy Fidelix (PRTB). O número de chamadas é maior que o registrado nos últimos três anos, segundo balanço da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR), que mantém o serviço.

Em 2011, foram 1.159 denúncias; em 2012, 3.031; e em 2013, 1.695. Ao todo, foram 5.885 casos nesses três anos. O primeiro semestre de 2014 mostrava que o número vinha diminuindo. Entre janeiro e junho, foram 537 casos relatados, 48,56% menos do que os 1.044 contabilizados no mesmo período do ano anterior.

Segundo a SDH, nos últimos anos, as denúncias foram motivadas por casos como violência física, violência psicológica, discriminação e negligência. Já todas as denúncias feitas entre domingo (28) e esta quarta-feira (1º) foram relacionadas às declarações do candidato.

Após ser questionado pela candidata Luciana Genro (PSOL) sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em debate na TV Record, no último domingo, Levy Fidelix classificou a homossexualidade como distúrbio psicológico, comparou homossexuais a pedófilos e chegou a conclamar a sociedade a “enfrentar” lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT). “Vamos ter coragem, nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria”, disse.

A Agência Brasil procurou discutir o aumento das denúncias com a SDH, mas a secretaria não se pronunciará institucionalmente sobre o caso, por causa das vedações eleitorais.

Outras formas de manifestação foram levadas a cabo, nos últimos dias, como o ato público, ontem (30), na Avenida Paulista, em São Paulo, e os organizadores está convocando um "beijaço" para o próximo sábado. O ponto de encontro será a casa de Fidelix, em repúdio às ideias do candidato. Além disso, “não vamos perder a oportunidade para ensinar ao Levy que nosso sexo não é só sistema excretor. É prazer, desejo, fantasia e faz parte de nossas identidades de gênero e orientação sexual”, diz o texto da convocatória.

Além das manifestações, as declarações também motivaram pelo menos três ações judiciais, que estão sendo analisadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.

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