Após o temporal que atingiu São Sebastião, litoral norte de São Paulo, surfistas da praia de Maresias se mobilizaram para ajudar moradores que tiveram suas casas alagadas entre esta terça (23) e quarta-feira (24).
Junto ao Corpo de Bombeiros, eles usaram pranchas de stand-up paddle e botes para ajudar no resgate de famílias que ficaram ilhadas durante a tempestade.
"As águas chegaram a 2,5 m em algumas ruas. Eu, que sou nativo, nunca vi um alagamento dessa proporção. Sempre houve problemas com chuvas de verão aqui, mas nunca desse tamanho", afirmou Alex William Cezar, 37, presidente da associação de surfe do município.
Terra natal do campeão mundial Gabriel Medina, Maresias foi uma das regiões mais afetadas pelas chuvas de 179 mm, quantidade esperada para dois meses. Quedas de encostas chegaram a isolar as praias pela manhã e o próprio Medina cancelou a festa de recepção que o esperava.
Em toda a cidade, pelo menos 60 pessoas ficaram desalojadas, segundo os cálculos da Defesa Civil. Não houve mortos ou desaparecidos.
Na tarde desta quarta (24), Cezar limpava sua casa e tentava calcular os prejuízos com a água que entrou nos eletrodomésticos. Quando as chuvas começaram, ele afirma ter ajudado, antes de tudo, a sua família a sair pela janela com um barco do vizinho.
Depois, se juntou aos outros surfistas para transportar os conterrâneos que estavam ilhados. "Quem está sofrendo com esse tipo de situação sempre se propõe a ajudar. De conhecidos [do surfe], encontrei pelo menos 20 pessoas colaborando", afirmou.
Após as águas baixarem, os atletas iniciaram campanha pela coleta de doações para as famílias vítimas da chuva. As entregas são encaminhadas para a Associação Amigos da Praia de Maresias.
São Sebastião é um dos destinos turísticos mais procurados do litoral paulista e tem a previsão de receber 1,5 milhão de pessoas até abril. Além das casas, a chuva inundou pousadas e comércios da região.
No km 147 da rodovia SP-55, a Rio-Santos, a pista afundou e foi interditada perto do acesso à praia de Toque-Toque Pequeno. Segundo o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), não há previsão para a estrada ser liberada.