Leilão de concessão da Ponte Rio-Niterói deve ser concorrido, diz pesquisador

A ponte é uma concessão que já tem 20 anos e é um negócio bem estabelecido, com fluxo de veículos já conhecido, o que representa um bom ativo
Da ABr
Publicado em 18/03/2015 às 8:22
A ponte é uma concessão que já tem 20 anos e é um negócio bem estabelecido, com fluxo de veículos já conhecido, o que representa um bom ativo Foto: Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil


O total de grupos habilitados ao leilão de hoje (18), na Bolsa de Valores de São Paulo, para a definição da concessionária que vai administrar a Ponte Rio-Niterói nos próximos 30 anos, mostra o interesse que ele despertou no mercado. A avaliação é do pesquisador do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura (Ceri) da Fundação Getulio Vargas (FGV) Edson Daniel Lopes Gonçalves, para quem a concessão representa um bom ativo. “A ponte é uma concessão que já tem 20 anos, é um negócio bem estabelecido e tem fluxo de veículos já conhecido. A rentabilidade melhorou ao longo dos anos. Mesmo considerando que a taxa de retorno para esse leilão é bem inferior à realizada em 95, ainda assim é um negócio de baixo risco”, disse ele em entrevista à Agência Brasil.

O pesquisador alertou, no entanto, que um possível sucesso do leilão não pode ser parâmetro para outras licitações que vão se seguir dentro do Programa de Investimentos em Logística (PIL) em Rodovias, anunciado em janeiro de 2014 pelo governo para facilitar o escoamento da safra agrícola. “As rodovias no interior do Brasil têm demanda e risco muito maior. A ponte é um ativo que tem menos risco hoje”, contou.

Além da ponte, o PIL prevê licitação para os trechos da BR-163/230/MT/PA, da BR-364/060/MT/GO, da BR-364/GO/MG e da BR-476/153/282/480/PR/SC. De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), nessa etapa serão concedidos 2.625 quilômetros, entre eles 2.282 queserão duplicados. O investimento estimado é R$ 18,3 bilhões.

Para Edson Gonçalves, professor de finanças corporativas da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da FGV, o interesse do mercado nos outros trechos vai permanecer porque o setor é atrativo. “Nas próximas concessões, não vejo diminuição de interesse porque as empresas precisam de bons negócios de longo prazo e a competitividade tende a crescer. É um setor que tem potencial de manter o crescimento esperado no futuro”, afirmou.

Dos seis grupos classificados para o leilão desta quarta-feira na Bolsa de São Paulo, sairá vencedor o que apresentar a menor tarifa. Estarão concorrendo as empresas Ecorodovias Infraestrutura e Logística S.A; TPI – Triunfo Participações e Investimentos S.A; CS Brasil Transportes de Passageiros e Serviços Ambientais Ltda; e Infra Bertin Participações S.A., além do consórcio Nova Guanabara, integrado pelas companhias A. Madeira Indústria e Comércio Ltda; Coimex Empreendimentos e Participações Ltda; Urbesa Administração e Participações Ltda; Rio do Frade Empreendimentos Ltda e o Consórcio Ponte, composto pela atual administradora CCR S.A. e a Ciis – Companhia de Investimentos em Infraestrutura e Serviços.

Segundo Gonçalves, analistas indicam que a CCR S.A, concessionária que atualmente opera a Ponte Rio-Niterói, deve entrar na concorrência com uma proposta forte para vencer o certame, que terá a participação de seis grupos. “Ela vai tentar fazer uma oferta agressiva para tentar manter a concessão sob o seu domínio. Então se espera um leilão bem disputado”, disse.

A licitação, a cargo da ANTT, prevê investimentos de R$ 1,3 bilhão, além de R$ 420 milhões que serão empregados em obras nos acessos à via. As intervenções terão que ser feitas pelo grupo vencedor até o quinto ano da concessão. Entre as intervenções estão a construção do mergulhão da Praça Renascença, em Niterói, na região metropolitana do Rio, que além de facilitar o fluxo de veículos no acesso à ponte, vai beneficiar quem se dirigir ao centro da cidade.

O vencedor do certame terá ainda que construir a Avenida Portuária, no bairro do Caju, zona portuária do Rio. A via fará a conexão de veículos pesados entre a Avenida Brasil e o Porto do Rio, no Caju. Depois que estiver pronta os caminhões de carga que se dirigem ao Porto do Rio deixarão de circular nas imediações da Rodoviária Novo Rio e do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), com acesso direto ao porto pela Avenida Brasil, tanto para a chegada quanto para a saída. Os veículos que seguirem de Niterói para o Rio terão passagem direta da ponte com a Linha Vermelha e a Avenida Brasil.

O pesquisador do Ceri considerou que as obras são importantes, principalmente por causa do aumento do fluxo de veículos que ocorreu desde a primeira licitação da ponte em 1995. “Essas obras são importantes para reduzir os gargalos no trânsito”, completou. Ele lembrou que o leilão não vai contar com recursos do BNDES. “É um fato que chama a atenção e, de certa forma, é positivo, talvez até pelo atual momento da economia nacional e a questão do ajuste fiscal. Nesse sentido, é positivo”.

A Rio-Niterói foi inaugurada em 4 de março de 1974 e segundo a ANTT, com a extensão de 13,2 quilômetros, além de dez quilômetros de rampas e viadutos, é a 11ª maior ponte do mundo. A via é a principal ligação entre as duas cidades e o interior do estado, especialmente com a Região dos Lagos e o litoral norte fluminense.

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