Maior parte dos brasileiros sabe pouco sobre ciências, diz pesquisa

De acordo com o resultado da consulta, 79% têm conhecimentos científicos básicos, mas não são capazes de usá-los para entender plenamente a realidade que os cerca
Da ABr
Publicado em 06/08/2015 às 18:44
De acordo com o resultado da consulta, 79% têm conhecimentos científicos básicos, mas não são capazes de usá-los para entender plenamente a realidade que os cerca Foto: Foto: Nívea de Oliveira/ SEE


Pesquisa Indicador de Letramento Científico (ILC), divulgada nesta quinta-feira (6) pelo Instituto Abramundo, revelou que a maior parte dos brasileiros sabe pouco sobre ciências. De acordo com o resultado da consulta, 79% têm conhecimentos científicos básicos, mas não são capazes de usá-los para entender plenamente a realidade que os cerca. O teste envolveu questões com situações cotidianas, como ler e interpretar uma bula de remédio, entender a importância de um pneu de carro não estar careca e conseguir explicar o efeitos do uso de antibióticos.

Os resultados finais do ILC foram apresentados na Reunião Ordinária Itinerante do Conselho Nacional de Educação (CNE). O ILC avaliou 2.002 pessoas de 15 a 40 anos, com, no mínimo, quatro anos de estudos. Elas responderam a 36 itens, entre fáceis e difíceis, sobre a aplicação da ciência no dia a dia e em situações mais complexas.

Para o presidente do Instituto Abramundo, Ricardo Uzal, o resultado em ciências no Brasil está aquém de outros países, com impactos no desenvolvimento econômico do país e na falta de crescimento por aumento de produtividade.

 

Educação básica

Segundo ele, indicou também problemas na estrutura educacional, principalmente da educação básica, que tratra ciências de forma marginalizada. "O governo e a iniciativa privada são responsáveis por buscar soluções para a educação em ciências", acrescentou Uzal.

A partir das respostas, os participantes foram divididos em quatro níveis. No primeiro, o mais baixo, estão 16%. Eles são capazes de localizar apenas informações em textos simples, em situações

cotidianas. No extremo oposto, no nível 4, estão 5% considerados eficientes. Esses têm domínio de conceitos e termos científicos e são capazes de aplicá-los em situações simples e complexas.

A maior parte dos participantes está no segundo nível (48%) e no terceiro (31%), considerados, respectivamente, letramento rudimentar e letramento científico básico.

Os participantes têm desde o quinto ano do ensino fundamental até o superior completo. Os resultados mostram que há deficiências também entre aqueles com nível educacional mais alto, que correspondem a 23% da amostra. Entre esses, 11% atingiram o nível mais alto de letramento, 48% estão no nível 3, 37% no 2 e, 4% no nível mais baixo.

 

Interesse

Apesar do baixo desempenho, a pesquisa mostra que os brasileiros se interessam pelo conhecimento científico. Dos entrevistados, 72% concordaram, total ou parcialmente, que a ciência ajuda a

compreender o mundo; 62% disseram se informar sobre as novidades no campo da ciência e tecnologia. Metade afirmou se informar por meio de jornais impressos ou internet.

Em relação ao trabalho, 68% concordam, total ou parcialmente, que quem tem formação na área científica tem boas oportunidades de trabalho. 

O ILC é uma iniciativa inédita do Instituto Abramundo, em parceira com o Instituto Paulo Montenegro, do Ibope, e a ONG Ação Educativa. A base da avaliação foi o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), realizado pelo Ibope e Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). As entrevistas foram feitas no

Distrito Federal e em 211 municípios das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Belém.

 

Prova Brasil

Em 2013, questões de ciências foram incluídas na Prova Brasil, aplicada a cada dois anos. A prova de ciências foi aplicada de forma amostral a alunos do 9º. Um grupo de alunos do 3º ano também fez a prova de ciências em 2013, na Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb).

Esses resultados não foram utilizados no cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que considera as provas de português e matemática.

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