Manifestantes sujaram de lama a fachada da sede da mineradora Vale, no centro do Rio, durante um protesto realizado na tarde desta segunda-feira (16).
O ato foi prestado em solidariedade às vítimas da tragédia ambiental ocorrida em Mariana (MG) após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP.
Cerca de 60 bilhões de litros de lama, com rejeitos de mineração, foram despejados ao longo de 500 km, devastando comunidades e deixando um rastro de poluição na bacia do rio Doce., Ao menos 7 pessoas morreram e outros 15 ainda estão desaparecidos.
Aproximadamente 300 manifestantes participaram do ato. Eles exibiram cartazes com críticas à Vale e gritaram palavras de ordem.
Alguns dos ativistas levaram galões com lama e despejaram na fachada da portaria do prédio, que teve de encerrar as atividades. Os funcionários foram obrigados a deixar o local por uma porta nos fundos.
Um grupo de manifestantes, banhados de lama, realizou uma performance de dança representando o rio Doce, que sofreu graves danos em razão do desastre.
"A Vale, junto com a BHP, deve reparar todo o prejuízo que provocou", afirmou o sociólogo Marcelo Castañeda, um dos organizadores do protesto. "Queremos pressionar [a Vale] para que ela declare que vai arcar com as despesas de todas as vítimas do desastre."
Em nota, a Vale afirmou que "respeita e valoriza" o direito de manifestação, e que vai oferecer assistência às equipes envolvidas nas ações de resgates e às famílias afetadas. A empresa declarou ainda que vai atuar na recuperação do rio Doce.
A manifestação contou com integrantes de movimentos sociais, membros do Psol e do PV, além de simpatizantes.
Na última quinta-feira (12), a presidente Dilma Rousseff declarou que o Ibama vai punir a Samarco e suas controladoras com uma multa de R$ 250 milhões.
Um dos manifestantes, o bancário Antenor Ferrari, no entanto, considera que só a multa não é suficiente. "Todos os contratos dos envolvidos precisam ser revistos. É possível que outros locais em breve virem novos alvos de devastação."
No fim do protesto, uma equipe de reportagem da emissora GloboNews foi hostilizada pelos manifestantes. Mesmo com o apoio de dois seguranças particulares, os jornalistas preferiram deixar o local.