A Praia de Copacabana foi hoje (10) cenário para duas manifestações de servidores do estado do Rio de Janeiro. Em frente ao Hotel Copacabana Palace, professores da rede estadual se reuniram para protestar contra a falta de reajustes, por atraso nos pagamentos de salários, entre outras demandas. Em outro ponto da praia, familiares de policiais militares também cobraram pagamento de salários e gratificações em dia e lembraram agentes mortos em serviço.
A coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), Suzana Gutierrez, questionou os gastos com a Rio 2016 em detrimento do pagamento em dia dos salários dos servidores.
“O governador alega que não tem dinheiro no estado pagar salário dos servidores, para conceder reajuste e uma série de direitos que nós trabalhadores do estado temos. Tem dinheiro para Olimpíada? Então, tem que ter para a educação.”
Suzana destacou as mudanças de data de depósito dos salários que o governo tem feito e disse que está preocupada com o pagamento referente a junho, que deve ser feito até a próxima quinta-feira (14), décimo dia útil deste mês. “O governador disse que seria no dia 14, mas não sabemos se será um pagamento integral, parcelado e se virá mesmo no dia 14. Por isso continuamos em greve.” Na quinta, os profissionais de educação farão nova assembleia para decidir sobre os rumos da greve.
Hoje, durante a manifestação na Praia de Copacabana, houve uma aula pública com professores de educação física. Os professores fincaram na areia cruzes com mensagens dos temas do protesto.
Famílias de policiais militares
Na altura do posto 5, parentes de policiais militares e integrantes de entidades de profissionais de segurança pública protestaram contra o atraso de salários e de gratificações e lembraram as mortes de policiais em combate.
Solange Venceslau, mulher de um policial militar, explicou que a manifestação foi feita por parentes porque a lei proíbe os militares de participarem de protestos. “Nossos maridos não podem vir botar a cara deles. Se nós esposas, filhos e mães não fizer por eles quem vai fazer?”.
Segundo Solange, o governo do estado prometeu acertar o pagamento dos salários de policiais por causa da segurança da Olimpíada. No entanto, os profissionais estão preocupados com a situação após o término das competições.
Durante a manifestação, os participantes também destacaram o nível de estresse dos policiais militares por causa das condições de trabalho nas ruas. O marido de Solange, que atualmente está de licença, já teve problemas de saúde por causa da situação em que trabalhava, segundo ela. “Ele estava muito estressado, quase morreu em confronto. Ele foi atirar e as armas dele e do sargento falharam. Eles não têm condição nenhuma, as armas deles não têm condição nenhuma, nem colete à prova de bala. Está tudo fora do padrão. Se eles não tem como proteger eles mesmos, como podem proteger os cidadãos?”, criticou.
O presidente da associação dos bombeiros do estado do Rio de Janeiro (Abmerj), subtenente bombeiro Mesac Eflain, disse que a categoria apoiou a manifestação porque também tem sofrido com as dificuldades financeiras do estado do Rio. “Os bombeiros estão sofrendo das mesmas mazelas que os policiais militares. Recentemente, na semana passada, tivemos o nosso companheiro, sargento Antônio, do quartel central, que foi assassinado porque foi identificado como militar”, lembrou.
O inspetor da Polícia Civil, Leonardo Mota, do sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro, engrossou o coro de reclamações pelo atraso de salários. “Na verdade a gente está trabalhando à vista e recebendo o salário a prazo”, comparou.
Governo
No último dia 6, o governo do estado do Rio de Janeiro anunciou que fará o pagamento integral da folha de junho a todos os servidores ativos, inativos e pensionistas na próxima quinta-feira (14).
No caso da área de segurança do estado – Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e secretarias estaduais de Segurança e Administração Penitenciária (Seap) – os salários e benefícios de junho dos servidores ativos, inativos e pensionistas foram pagos na semana passada.