Espírito Santo: tenente coronel diz que população já pode sair de casa

Exército começou a atuar no patrulhamento das ruas do Espírito Santo desde a última segunda-feira (6)
JC Online
Publicado em 07/02/2017 às 8:24
Exército começou a atuar no patrulhamento das ruas do Espírito Santo desde a última segunda-feira (6) Foto: Foto: Reprodução/TV Globo


Os policiais militares do Espírito Santo seguem sem sair às ruas desde a última sexta-feira (3), gerando um clima de insegurança no Estado. Sem o policiamento, o comércio da Região Metropolitana de Vitória está fechado, com as pessoas evitando sair de casa para fugir da violência. No entanto, no que depender do Exército, as pessoas já podem retornar a frequentar as ruas da região.

Desde a segunda-feira (6), o Exército começou a atuar no patrulhamento da Grande Vitória. Numa tentativa de tranquilizar a população, o tenente coronel Oliveira Costa, do 38º Batalhão de Infantaria, em Vila Velha (na Grande Vitória), disse que a população pode sair de casa e que o comércio já pode reabrir. "Nós fazemos o chamamento à população capixaba que retorne a normalidade dos seus trabalhos e das suas condutas normais do dia a dia", declarou Oliveira em entrevista para o site Folha Vitória.

Também na segunda, o Governo Federal anunciou o envio de tropas das Forças Armadas para o Epírito Santo. No entanto, o número ainda está abaixo do esperado: 250 homens estão realizando o patrulhamento nas ruas, quando a expectativa era de que mil chegassem ao estado. Mesmo com o baixo número, o tenente coronel garante que a patrulha irá conseguir abrangir uma boa área para garantir a segurança. "A possibilidade de atuação, como estamos bem dinâmicos e a maioria das patrulhas estão motorizadas, elas conseguem abranger uma maior área. Nosso planejamento está escalonado então ele vai em um crescente até chegar a  esse efetivo que foi informado".

Ainda na entrevista ao Folha Vitória, o tenente também pediu que a população confie no exército. "Não só do Exército, como os demais órgãos de segurança pública. A Força Nacional de Segurança também vai se fazer presente no dia de hoje. Teremos um reforço do Exército quanto a uma tropa que está se deslocando do Rio de Janeiro para cá. Teremos maior possibilidade de distribuição na Grande Vitória e faço um reforço para a população de Vitória de que ela pode sair que nos empenharemos ao máximo para proporcionar essa segurança aqui para a Grande Vitória”.

População de Vitória relata sobre o clima de insegurança na cidade 

Desde o fim de semana, uma onda de assaltos, arrastões e tiroteios tem assustado os moradores do Espírito Santo. Lojas foram arrombadas na Grande Vitória, mas não há balanço da Secretaria de Segurança Pública. Superlotado após a alta de mortes, o Departamento Médico Legal (DML) da capital foi fechado na segunda-feira (6), por orientação da Polícia Civil. 

Eram quase 30 corpos no departamento, que tem só 12 gavetas frigoríficas, segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Espírito Santo (Sindepes). "Parecia campo de guerra da Síria", disse Rodolfo Laterza, presidente da entidade. "Havia 16 cadáveres no chão."

O metalúrgico Prisleno Cesário Alves, de 27 anos, soube da morte do irmão Cleiton, de 34, quando recebeu uma foto pelo WhatsApp - imagens das vítimas dos crimes e vídeos de ataques a lojas têm circulado nas redes sociais. "Reconheci pelo rosto e pela tatuagem no braço", contou Prisleno, que chegou ao DML na segunda-feira (6) à noite. Segundo ele, o irmão era foragido da Justiça e pode ter sido vítima de uma emboscada.

Os olhos marejados da comerciante Tânia Regina Campos Chagas, de 49 anos, resumiam a tristeza de quem dali a alguns minutos iria reconhecer o corpo do filho Talisson, de 23 anos. "Ele estava envolvido com droga", contou. "Acho que foi morto por uma gangue rival."

Dona de um bar e mãe de outros dois, ela acredita que o assassinato do jovem foi consequência direta da greve da PM. "Nunca vi disso aqui na cidade. Está uma verdadeira bagunça."

No fim da tarde da segunda-feira, um supermercado no bairro Ilha de Santa Maria, que havia fechado três horas mais cedo, foi alvo de saques. "Foram ao menos 300 pessoas", relatou Rodrigo Passos, supervisor do estabelecimento. Às 21 horas, ele tentava seguranças particulares para o local, que tinha vidros e um caixa eletrônico quebrados, além de produtos espalhados pelo chão. Do lado de fora, soldados já faziam patrulhamento. 

Só na segunda-feira, foram registradas 200 ocorrências de furto ou roubo de veículos na Delegacia especializada nesse tipo de crime em Vitória.

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