O Ministério da Saúde inicia nesta segunda-feira (23) projeto para reduzir a hanseníase no país, com o treinamento de profissionais de saúde da atenção básica. Serão beneficiados 20 municípios no Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí e Tocantins.
As localidades foram escolhidas por apresentar o maior número de casos novos de hanseníase diagnosticados em menores de 15 anos.
O projeto Abordagens Inovadoras para intensificar esforços para um Brasil livre da Hanseníase é uma parceria do Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com apoio da Fundação Nippon, do Japão, e terá duração de três anos, até 2019.
O objetivo é diminuir a carga de hanseníase nas cidades selecionadas com a ampliação do trabalho de descoberta de casos novos e a educação permanente para os profissionais da Atenção Primária à Saúde.
Além disso, o ministério quer fortalecer os centros de referência, reduzir a proporção de casos novos com grau 2 de incapacidade física (como garras em mãos e/ou pés e atrofia muscular) – por meio do diagnóstico precoce e ações de prevenção de incapacidades – e enfrentar o estigma e discriminação contra as pessoas acometidas pela doença.
A lista é a seguinte: São Luís (MA), 1º no ranking de números de casos novos de hanseníase em crianças em relação ao restante do país; Recife (PE), 2º; Olinda (PE), 3º; Marabá (PA), 5º; Teresina (PI), 8º; Cuiabá (MT), 11º; Jaboatão dos Guararapes (PE), 12º; Palmas (TO), 17º; Belém (PA), 23º; São José do Ribamar (MA), 29º; Araguaína (TO), 31º; Cabo de Santo Agostinho (PE), 54º; Paço do Lumiar (MA),61º; Gurupi (TO), 66º; Porto Nacional (TO), 85º; Paulista (PE), 105º; Floriano (PI), 189º; Parnaíba (PI), 300º; Alcântara (MA), 435º; Raposa (MA), 1.698º no ranking.
O modelo adotado no projeto foi inspirado em experiência desenvolvida desde 2016 na capital do Tocantins, chamada “Palmas livre de hanseníase”, que também conta com a colaboração da Opas.
O município é considerado uma região endêmica. O projeto tem treinado profissionais da atenção básica do município para torná-los aptos a diagnosticar e tratar pacientes com a doença.
De acordo com a Opas, embora a hanseníase esteja presente em 24 dos 35 países das Américas, todos eliminaram a doença como problema de saúde pública (menos de um caso para cada 10 mil habitantes), exceto o Brasil.
Nas Américas, o número de casos novos diminuiu 35,8% em uma década – de 52.662 em 2004 para 33.789 em 2014. No entanto, nos últimos cinco anos, foram detectados novos casos da doença em 24 países, dos quais 94% foram localizados em território brasileiro.
O Ministério da Saúde informou que, na última década, o Brasil apresentou uma redução de 37,1% no número de casos novos, passando de 40,1 mil diagnosticados no ano de 2007, para 25,2 mil em 2016. Tal redução corresponde à queda de 42,3% da taxa de detecção geral do país (de 21,19/100 mil habitantes em 2007 para 12,23/100 mil habitantes em 2016).
Do total de casos novos registrados, 1,6 mil (6,72%) foram diagnosticados em menores de 15 anos, sinalizando focos de infecção ativos e transmissão recente, e 7,2 mil iniciaram tratamento com alguma incapacidade, sendo 1,7 mil com grau 2 de incapacidade física.
O projeto será conduzido por um núcleo de 27 equipes de especialistas nas áreas de Clínica Geral, Prevenção de Incapacidades e Mobilização Social, além de três coordenadores, um para cada área: o Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL) para clínica, tratamento e manejo de reações da doença; a Coordenação-Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação (CGHDE) para a prevenção de incapacidades; a CGHDE e o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN).
Na última quinta-feira (19), a Opas apresentou, em Palmas (TO), a Estratégia Global para Hanseníase 2016-2020, durante a 1ª Conferência Livre de Vigilância em Saúde com foco no combate à hanseníase, no fortalecimento de parcerias.
A hanseníase é doença crônica infecciosa que afeta principalmente a pele, os nervos periféricos, a mucosa do trato respiratório superior e os olhos. Pode causar incapacidades e deformidades físicas. A transmissão da bactéria Mycobacterium leprae se dá por meio das vias aéreas superiores.
A enfermidade tem cura e o tratamento em estágio inicial evita deficiências.