Incêndio atinge casarão no Centro Histórico de Salvador

O fogo na Serraria Carvalho, na Baixa dos Sapateiros, começou na noite de segunda e durou cerca de duas horas, segundo a SSP
Da redação do jornal Correio para a Rede Nordese
Publicado em 04/09/2018 às 8:48
O fogo na Serraria Carvalho, na Baixa dos Sapateiros, começou na noite de segunda e durou cerca de duas horas, segundo a SSP Foto: Foto: Betto Jr/CORREIO


Um incêndio atingiu um dos casarões históricos do centro de Salvador, capital baiana. As chamas que tomaram conta da Serraria Carvalho, localizada na Baixa dos Sapateiros, começaram por volta das 22h e foram controladas cerca de duas horas depois.

O idoso José Hunaldo Moura de Carvalho, 85 anos, dono da Serraria está sendo procurado pelos bombeiros, após o estabelecimento onde ele morava ter sido consumido pelo fogo na noite desta segunda-feira (3). Os bombeiros também fazem o trabalho de rescaldo na manhã desta terça-feira (4). Por causa disso, a Avenida J. J. Seabra está interditada.

Segundo informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o idoso está sendo procurado em meio aos escombros desde que familiares informaram que ele não conseguiu deixar o local após o início do incêndio. 

Moradores contaram à reportagem do Correio que o comércio funcionava há mais de 50 anos e o dono, conhecido como Carvalho, morava no local e não teve tempo de sair. o autônomo Carlos Dantas, 29 anos, pelo menos 30 famílias saíram de casa por medo do fogo. "Seu Carvalho não teve tempo de sair. Ouviram ele gritando e batendo na porta. Eu saí com minha família, estamos apavorados, nunca vi nada assim de perto", afirmou ele, segurando a filha de três anos no colo. 

Dois grandes casarões foram destruídos durante o incêndio, que começou por volta das 22h e foi controlado pelo Corpo de Bombeiros cerca de duas horas depois. No local, funcionavam os estabelecimentos Belíssima Confecções, Ítalo Confecções, Vitrine Joia, Verona Kids e Serraria e Organização Carvalho.

De acordo com a SSP, cerca de 40 oficiais e praças iniciaram o trabalho de isolamento da área e combate ao fogo. Cinco caminhões Auto Bomba Tanque (ABT) foram posicionados na Avenida J.J. Seabra, atacando as chamas de formas frontal e lateral, e na Rua Ramos de Queiroz, atuando nos fundos dos imóveis.

O 18° BPM (Centro Histórico), o Exército, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e órgãos municipais deram apoio com carros-pipa, atendimento médico e bloqueios de vias. 

Segundo o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Francisco Telles de Macêdo, o trabalho de rescaldo, devido a quantidade de madeira, no local, pode se repetir durante alguns dias. "Mais uma vez as equipes atuaram com excelência. Assim como no incêndio da Assembleia Legislativa da Bahia, chegamos rapidamente e evitamos uma destruição maior", declarou.

Trânsito desviado

Em nota, a Transalvador informou que não há previsão de reabertura da avenida, pois o imóvel corre risco de desabar. Os acessos à Av. J. J. Seabra estão bloqueados no Aquidabã e na Ladeira Ramos de Queiroz. 

Para viabilizar o fluxo, a Ladeira de Santana funciona em sentido duplo de tráfego. A opção para condutores vindos do Aquidabã sentido Baixa dos Sapateiros é seguir pelo Vale de Nazaré, Saúde, descer o Desterro e acessar a Ladeira de Santana. Os veículos vindos da Barroquinha sobem a Ladeira de Santana.

Sem teto

No local, o cenário era de desolação. Dezenas de pessoas se aglomeraram por toda extensão da rua. Alguns, bastante abalados, não quiseram falar. Outros, apenas tentavam presumir o dia de amanhã.

"O que mais me dói é imaginar como vou dormir essa noite, e onde vou dormir. É um sentimento enorme de tristeza pra gente", comentou a dona de casa Lourdes Santos, 57.

A moradora, que é vizinha da serraria, disse que conhece o dono, Carvalho, há muito tempo. "Conheço há uns 30 anos. Se ele tivesse vivo, já teria aparecido por aqui, porque ele morava lá", acredita. De acordo com Lourdes, o fogo começou perto das 22h. "Eu não sei exatamente, porque a gente logo se assustou. Os bombeiros chegaram por volta de 22h30, acredito".

Dona de uma loja na mesma rua, a comerciante Elizeth Paixão, 50, estava aos prantos. Ela foi avisada por colegas lojistas sobre o incêndio e correu pro local. "Deus ajude que não aconteça coisa pior, que Deus nos ajude", repetia, em tom de desespero.

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