Nova fase da Lava Jato faz buscas em Lisboa contra operador financeiro

O alvo das buscas são documentos e dispositivos eletrônicos que teriam sido levados para Portugal pelo operador quando ele deixou o Brasil às vésperas da 51ª fase da Lava Jato
Agência Brasil
Publicado em 25/09/2018 às 14:08
A Lava Jato conseguiu 399 acordos de colaboração e mais 28 acordos de leniência. Foto: Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil


Autoridades portuguesas cumpriram hoje (25) cinco mandados de busca e apreensão em endereços em Lisboa, ligados ao operador financeiro Mário Ildeu de Miranda, durante a 54ª fase da Operação Lava Jato. As ações foram conduzidas por integrantes do Ministério Público de Portugal, que receberam autorização da Justiça brasileira, a partir de um acordo de cooperação internacional.

O alvo das buscas são documentos e dispositivos eletrônicos que teriam sido levados para Portugal pelo operador quando ele deixou o Brasil às vésperas da 51ª fase da Lava Jato, em maio deste ano. Na época, foi expedido um mandado de prisão preventiva contra Miranda, mas antes que fosse cumprido, ele deixou a residência no Brasil com destino a Portugal levando quatro grandes malas de viagem e equipamentos eletrônicos.

Miranda se apresentou às autoridades brasileiras dias depois e responde o processo em liberdade desde que pagou fiança de R$ 10 milhões. O operador é investigado pelo suposto pagamento de propina de mais de US$ 56,5 milho?es. O dinheiro teria sido repassado entre os anos de 2010 e 2012 como resultado de operações fraudulentas envolvendo um contrato entre Petrobras e a Construtora Norberto Odebrecht, de mais de US$ 825 milhões.

Contas secretas

Os pagamentos, segundo os investigadores, foram feito a partir do chamado Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Mário Ildeu de Miranda teria sido peça fundamental no envio de pelo menos US$ 11,5 milhões para contas secretas mantidas no exterior por funcionários da estatal brasileira. As informações chegaram à Polícia Federal em junho por uma ação penal que ainda está em andamento na 13ª Vara Federal de Curitiba.

“Vamos atrás das provas onde elas estiverem. As fronteiras nacionais não impedem as investigações. Como as medidas cumpridas evidenciam, a realidade é que o Ministério Público Federal, com o auxílio de autoridades estrangeiras, hoje busca não apenas bens e valores mantidos no exterior, mas provas dos crimes cometidos no Brasil”, disse o procurador da Repu?blica Júlio Noronha, integrante da forc?a tarefa da Lava Jato em Curitiba e que acompanhou as buscas em Lisboa.

As medidas cumpridas hoje em Portugal correspondem à segunda fase internacional da Operação Lava Jato. A primeira fase realizada no exterior, também em Lisboa, ocorreu em 21 de março de 2016, e teve como alvo o operador financeiro Raul Schmidt Felippe Junior.

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