Justiça coloca no banco dos réus chicoteadores de jovem negro

Dois ex-seguranças de um supermercado em São Paulo chicotearam um adolescente negro flagrado tentando furtar uma barra de chocolate em agosto
Estadão Conteúdo
Publicado em 18/09/2019 às 11:07
Dois ex-seguranças de um supermercado em São Paulo chicotearam um adolescente negro flagrado tentando furtar uma barra de chocolate em agosto Foto: Foto: Reprodução


A Justiça aceitou a denúncia de tortura, cárcere privado e divulgação de cenas de nudez contra Davi de Oliveira Fernandes e Valdir Bispo dos Santos, ex-seguranças do supermercado Ricoy, na zona sul de São Paulo, que chicotearam um adolescente negro flagrado tentando furtar uma barra de chocolate em agosto. A informação foi divulgada pela TV Globo e confirmada pela reportagem.

Na segunda-feira, 16, a Justiça de São Paulo havia pedido a prisão preventiva da dupla de chicoteadores. No mesmo dia, o Ministério Público do Estado denunciou os seguranças pelos crimes de tortura, cárcere privado e divulgação de cenas de nudez por causa da divulgação de imagens por celular da vítima sendo açoitada completamente despida. Fernandes e Santos já haviam sido indiciados pela Polícia Civil pelo crime de tortura.

Ameaça de morte

O rapaz afirmou que, no mês passado, "em data que não recorda, dentro do Supermercado Ricoy, instalado no local dos fatos, apanhou das gôndolas uma barra de chocolate e tentou sair sem efetuar o pagamento". "Foi abordado na saída pela pessoa de Santos, segurança do local, o qual conhece já há algum tempo".

"Ele foi auxiliado por Neto que juntos levaram a vítima até um quarto nos fundos da loja", narrou. O jovem acrescentou. "Ali a vítima foi despida, amordaçada, amarrada e passou a ser torturada com um chicote de fios elétricos trançados. Ali, permaneceu por cerca de quarenta minutos, sendo agredido o tempo todo".

"Depois de apanhar bastante foi liberado pelos agressores e não quis registrar boletim de ocorrência pois temia pela sua vida. Na saída do supermercado ouviu Santos dizer que caso falasse algo para alguém iria matá-lo", concluiu.

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