Para OMS é ético usar drogas não testadas contra ebola

A OMS diz que 1.013 pessoas morreram até agora no surto de ebola no oeste da África
Adriana Oliveira
Publicado em 12/08/2014 às 15:41


A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta terça-feira (12) que é ético usar medicamentos e vacinas não testados para o tratamento de ebola durante o atual surto da doença na África ocidental, contanto que haja condições corretas para isso. 

O comunicado da agência da Organização das Nações Unidas (OMS) foi feito em meio a um debate mundial sobre a ética médica a respeito da epidemia de ebola, que a OMS considerou uma emergência de saúde mundial. Porém, a agência evitava questões importantes como quem deveria receber as drogas, cuja disponibilidade é limitada, e como deveria ser decidido quem seria medicado. 

A declaração foi divulgada depois de a OMS ter realizado uma teleconferência na segunda-feira para discutir a questão. 

A OMS diz que 1.013 pessoas morreram até agora no surto de ebola no oeste da África e autoridades registraram 1.848 casos suspeitos ou confirmados da doença. O vírus mortal foi detectado na Guiné em março e desde então se espalhou para Serra Leoa, Libéria e possivelmente para a Nigéria. 

Dois norte-americanos e um padres espanhol receberam o medicamento experimental para o tratamento de ebola, conhecido como ZMapp, que nunca havia sido testado em humanos. Uma empresa de relações públicas britânica que representa a Libéria informou que o ZMapp chegaria no prazo de 48 horas ao país, onde será administrado em dois médicos liberianos que contraíram o vírus. 

Eles serão os primeiros africanos a receber a droga, embora a doença tenha matado mais de 1.000 pessoas na Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria. A grande maioria das vítimas do ebola são africanos e alguns países protestam contra o fato de seus cidadãos não terem acesso a medicamentos experimentais. 

A OMS concluiu que é étimo usar tratamentos e vacinas experimentais neste surto de ebola. Não há evidências de que essas drogas experimentais efetivamente ajudem a combater o ebola e existe até a possibilidade de que sejam prejudiciais. Ainda assim, a doença tem uma taxa de mortalidade muito alta, de cerca de 50%, segundo a ONU, o que acrescenta urgência na busca por um tratamento. 

"Nas circunstâncias particulares deste surto e tendo em vista que certas condições sejam atendidas, o painel chegou ao consenso de que é ético oferecer intervenções que ainda não tenham provado sua eficiência e efeitos colaterais, como tratamento e prevenção em potencial", disse a agência em comunicado. 

O painel disse que "análises e discussões mais detalhadas" são necessárias para decidir como chegar a uma distribuição justa em comunidades e entre os países, já que há um fornecimento extremamente limitado de drogas e vacinas experimentais.

 

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