O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, acusou membros do Parlamento do país de estarem aliados aos separatistas pró-Rússia no leste. Ao assinar a dissolução da Assembleia nesta segunda-feira (25), Poroshenko disse que vários congressistas têm representado "pilares" de apoio para o ex-presidente deposto Viktor Yanukovich, favorável aos laços entre russos e ucranianos.
De acordo com o atual presidente, durante o mandato de Yanukovich, os parlamentarem aceitaram "leis ditatoriais". Ele enfatizou a necessidade da eleição de novos líderes para as áreas do leste da Ucrânia, muito afetadas pelo conflito entre rebeldes e forças do governo, de forma que possam representar a região no novo governo.
Poroshenko anunciou nesta segunda-feira, em um depoimento publicado em seu site, que ele havia desfeito o parlamento e marcado novas eleições para 26 de outubro. De acordo com o presidente, a medida segue a constituição do país. Os partidos ligados ao Ocidente, incluindo o do presidente, devem ganhar a disputa por uma boa margem. Segundo ele, as pesquisas de opinião mostram que a população quer o adiantamento das votações.
O desmonte do parlamento era esperado, já que Poroshenko havia dito no final de agosto que esperaria "uma base constitucional" para aprovar a decomposição. O governo de coalizão que liderou a Ucrânia desde a queda do ex-presidente foi formado em 24 de julho e, de acordo com a lei do país, seria preciso esperar ao menos um mês para dissolvê-lo.
Antes da dissolução, o maior partido no parlamento ainda era o Partido das Regiões, apoiado em grande parte pelos moradores do leste da Ucrânia, uma região industrial onde vivem muitos russos étnicos. Yanukovich era filiado ao partido.
Os atuais membros do parlamento continuarão em seus cargos até a eleição de uma nova Assembleia, informa o depoimento de Poroshenko em seu site. "O principal que eles precisam fazer é ratificar o acordo de associação com a União Europeia ainda em setembro", diz o presidente.
O anúncio foi feito um dia antes do encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, em Minsk, na Bielo-Rússia, para resolver a questão do comboio com ajuda humanitária enviado pela Rússia às regiões do leste da Ucrânia. O caso ampliou a tensão na fronteira entre os dois países e os ucranianos acusam os russos de tentarem enviar suprimentos militares disfarçados para os separatistas.