Potências ocidentais endurecem sanções contra a Rússia por conflito na Ucrânia

Kiev reconheceu pela primeira vez que os separatistas pró-russos controlam a fronteira leste com a Rússia até o Mar de Azov
Da AFP
Publicado em 11/09/2014 às 17:54


As potências ocidentais anunciaram nesta quinta-feira (11) a adoção de novas sanções contra a Rússia, depois de Kiev ter reconhecido que perdeu terreno para os rebeldes pró-russos, provocando uma ameaça de resposta de Moscou que as acusa de minar o processo de paz.

No momento em que o acordo de cessar-fogo assinado entre Kiev e os rebeldes tem sido em grande parte respeitado, a União Europeia (UE) e, poucas horas depois, o presidente americano Barack Obama decidiram adotar novas sanções contra a Rússia.

Essas decisões, adotadas após vários dias de hesitação, são anunciadas depois de o governo ucraniano ter reconhecido pela primeira vez que os separatistas pró-russos controlam a fronteira leste com a Rússia até o Mar de Azov.

Além disso, a Otan afirmou que cerca de mil soldados russos continuam mobilizados no leste da Ucrânia, enquanto 20.000 seguem ao longo da fronteira. A Aliança Atlântica afirmou que a "Rússia continua a fornecer equipamentos sofisticados" aos rebeldes pró-russos.

"UMA CHANCE PARA A PAZ" - No momento em que a economia russa está à beira da recessão, Moscou, que sempre negou qualquer envolvimento no conflito na Ucrânia, considerou que a "UE praticamente escolheu ir de encontro ao processo de resolução pacífica da crise ucraniana".

"Deem uma oportunidade à paz", lançou o Ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado, enquanto o conflito já deixou mais de 2.700 mortos.

Neste contexto de tensão, após vários dias de intensas discussões, os 28 países membros da UE concordaram em reforçar as sanções econômicas contra a Rússia, que devem entrar em vigor já a partir de sexta-feira.

As sanções incluem restringir o acesso aos mercados de capitais e proibir o financiamento da dívida de três grandes empresas russas do setor de defesa e de três outras do de energia.

Entre as companhias afetadas estão as petroleiras Rosneft e Transneft, assim como a filial da gigante de gás Gazprom.

As medidas também preveem a inclusão de 24 nomes às centenas de russos e ucranianos ligados aos rebeldes que já são alvos de sanções, que impõem o congelamento de bens e a proibição de vistos. No total, são 119 pessoas afetadas pelas sanções.

Contudo, a UE poderá "amenizar, suspender ou cancelar" as sanções contra a Rússia tendo em vista os acontecimentos envolvendo o conflito, segundo o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que afirmou que o grupo fará "uma avaliação exaustiva dos progressos do plano de paz na Ucrânia até o fim de setembro".

DEFESA, FINANÇAS E ENERGIA AFETADOS - Já o presidente Barack Obama afirmou nesta quinta-feira que os Estados Unidos reforçarão as sanções contra os setores russos de defesa, finanças e energia para pressionar esse país por suas "ações ilegais" na Ucrânia.

Obama disse, em um comunicado, que as novas sanções intensificarão o isolamento econômico e político do Kremlin.

Um assessor do Kremlin anunciou prontamente que a Rússia já preparou um novo pacote de medidas em represália às novas sanções ocidentais que afetarão a importação de carros usados e alguns bens de consumo.

"O Ministério da Economia já preparou, até onde eu sei, a lista de produtos" que serão afetados pelas novas medidas, além dos produtos alimentícios sobre os quais já pesa um embargo, declarou Andrei Belousov à agência pública Ria-Novosti.

"Mas espero que o senso comum prevaleça e que não sejamos obrigados a aplicá-las", acrescentou.

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