Presidente afirma que pior da guerra na Ucrânia passou e quer adesão à UE

Os Parlamentos ucraniano e europeu ratificaram na semana passada o Acordo de Associação que Kiev e UE assinaram em junho
Da AFP
Publicado em 25/09/2014 às 15:04
Os Parlamentos ucraniano e europeu ratificaram na semana passada o Acordo de Associação que Kiev e UE assinaram em junho Foto: Foto: AFP


O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, afirmou nesta quinta-feira (25) que o pior da guerra com os insurgentes pró-Rússia no leste do país já passou e anunciou que solicitará a adesão à União Europeia (UE) em 2020.

Poroshenko, que reiterou sua crença no plano de paz, também ordenou ao governo o fechamento temporário da fronteira da Ucrânia com a Rússia para deter a "interferência" nos assuntos nacionais.

O presidente apresentou a "Estratégia 2020", que prevê 60 reformas e programas sociais que devem ser adotados para preparar a Ucrânia para solicitar a entrada na UE dentro de seis anos. Ele também pediu ao governo que renuncie oficialmente aos status de país não alinhado, o que abriria o caminho para uma eventual entrada na Otan.

As reformas previstas têm por objetivo lutar contra a corrupção, modificar o funcionamento da justiça e da polícia, liberalizar a economia e reduzir os impostos das empresas, entre outras coisas, para "responder às exigências dos potenciais investidores internacionais", afirmou o presidente.

Os Parlamentos ucraniano e europeu ratificaram na semana passada o Acordo de Associação que Kiev e UE assinaram em junho. Mas no bloco, poucos falam de maneira séria sobre a possível adesão da Ucrânia à UE.

No plano interno, o presidente ucraniano afirmou que "a parte principal e mais perigosa da guerra já passou". Poroshenko também afirmou não ter "nenhuma dúvida" de que o plano de paz vai funcionar.

Depois da assinatura em 5 de setembro de um cessar-fogo para tentar acabar com o conflito armado que provocou mais de 3.200 mortes, segundo a ONU, o Parlamento ucraniano aprovou em 16 de setembro um "estatuto especial" para as regiões separatistas, assim como eleições locais em 7 de dezembro e uma lei de anistia com condições.

Mas, ao mesmo tempo em que retiravam gradualmente a artilharia, para permitir a instauração de uma zona desmilitarizada, os rebeldes pró-Rússia convocaram na terça-feira eleições presidenciais e legislativas em novembro no oeste da Ucrânia.

Poroshenko afirmou esperar que Moscou não reconheça a validade destas eleições. O presidente também decretou o "fechamento temporário dos postos de controle na fronteira da Ucrânia com a Federação da Rússia ao tráfego de veículos, marítimo e de pedestres".

Os anúncios evidenciam o distanciamento da Ucrânia de um aliado histórico, depois da destituição em fevereiro do presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovytch e da anexação da península da Crimeia por Moscou e março, o que provocou o início dos combates entre as tropas ucranianas e os insurgentes pró-Rússia.

Mas o fechamento das fronteiras também ameaça prejudicar ainda mais a economia ucraniana, ao impedir o comércio entre duas nações mutuamente dependentes.

Kiev e as potências ocidentais acusam Moscou de enviar tropas e armamentos à Ucrânia para apoiar os separatistas, o que a Rússia nega.

Uma fonte das forças de segurança afirmou à AFP que o fechamento das fronteiras pretende evitar que "agentes subversivos" russos entrem em território ucraniano de carro, além de limitar as entradas em seu território aos trens e aviões. "Será mais difícil entrar com explosivos e armas na Ucrânia", disse a mesma fonte.

"A Ucrânia fechou postos de controle que estão sob ataque dos rebeldes há algum tempo, mas o restante da fronteira entre Ucrânia e Rússia continua operando como antes", disse Andri Kucherov, porta-voz da unidade de fronteira ucraniana.

O decreto de Poroshenko foi publicado horas depois de um discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na ONU com denúncias sobre a "agressão" da Rússia ao país vizinho.

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