Manifestantes invadiram o Parlamento de Burkina Faso nesta quinta-feira (30), arrastando móveis e computadores para a rua e ateando fogo à câmara principal do edifício, no que foi o maior ato de desafio da população ao governo do país. O objetivo do protesto era impedir uma votação que permitiria ao presidente Blaise Compaore a concorrer ao quinto mandato consecutivo. Ele está há 27 anos no comando do país.
As manifestações estão em andamento na capital do país, com pessoas invadindo outros prédios da capital e causando incêndios. Os escritórios da rede nacional de televisão também foram saqueados e a transmissão saiu do ar. Em uma tentativa de restaurar a calma, militares se reuniram com o líder da maior etnia do país, os Mossi, e cancelaram a votação no Parlamento.
A mudança na Constituição permitiria a Compaore, que chegou ao cargo máximo de Burkina Faso em um golpe em 1987, ser reeleito mais uma vez tinha grandes chances de aprovação no Parlamento, o que gerou a insatisfação popular.
A mobilização foi vista com preocupação pelos Estados Unidos, em uma declaração divulgada pela Casa Branca. "Acreditamos que instituições democráticas são fortalecidas quando as regras estabelecidas são cumpridas com consistência", diz o documento.
O Burkina Faso permanece como um dos países mais pobres do mundo e está no top 10 de países com o menor índice de desenvolvimento humano.