Anuncio de que Boko Haram casou meninas nigerianas sequestradas não surpreende familiares

O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, afirmou também que as 219 estudantes sequestradas em Chibok (nordeste da Nigéria), já foram todas convertidas ao islã e casadas
Da AFP
Publicado em 01/11/2014 às 18:48


Familiares das estudantes nigerianas sequestradas pelo grupo Boko Haram afirmaram neste sábado (1) que não se surpreenderam com o anúncio nesta sexta-feira de que o grupo islamita as teria casado.

O Boko Haram negou qualquer acordo de trégua com as autoridades nigerianas, acusando-as de difundir mentiras - em um vídeo obtido pela AFP, e descartou qualquer perspectiva de futura negociação.

O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, afirmou também que as 219 estudantes sequestradas em Chibok (nordeste da Nigéria), já foram todas convertidas ao islã e casadas.

O exército e a presidência nigerianos anunciaram em meados de outubro a celebração de um acordo de cessar-fogo com o Boko Haram, no qual pedia a libertação das adolescentes reféns de Chibok.

Mas a violência não parou desde então, e novos sequestros foram registrados na semana passada no nordeste, epicentro da insurreição islamita.

"Olhávamos com ceticismo os diálogos para libertar nossas meninas e nunca levamos a sério o cessar-fogo porque desde que foi anunciado, algumas localidades nunca deixaram de ser atacadas", declarou Pogo Bitrus, que lidera o Conselho de Anciãos de Chibok.

"Não nos surpreende a informação de que eles casaram nossas meninas", agregou Bitrus, tio de quatro jovens sequestradas.

Segundo relatório da organização humanitária Human Rights Watch (HRW) divulgado recentemente, mais de 500 mulheres foram sequestradas desde que o Boko Haram lançou sua insurreição no norte do país em 2009.

Boko Haram ("A educação ocidental é pecado", na língua haúça) luta pela criação de um Estado islâmico. O grupo armado islamita pretende estabelecer um "califado" no nordeste da Nigéria.

A insurreição do Boko Haram e sua feroz repressão por parte das forças de segurança nigerianas deixaram cerca de 10.000 mortos desde 2009, segundo o governo da Nigéria - assim como mais de 650.000 deslocados internos, segundo a ONU.

A Nigéria é o primeiro produtor africano de petróleo e se encontra dividido entre o norte de maioria muçulmana e o sul de maioria cristã.

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