A Coreia do Norte ameaçou nesta quinta-feira realizar um novo teste nuclear em resposta a uma resolução da ONU que constitui um primeiro passo para levar o regime comunista ante a justiça internacional por crimes contra a Humanidade.
Ao mesmo tempo, imagens feitas por satélites mostram que a Coreia do Norte poderia estar colocando em funcionamento uma fábrica de reprocessamento destinada à extração de plutônio de qualidade militar em seu complexo nuclear de Yongbyon.
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Geral da ONU votou na terça-feira uma resolução na qual solicita ao Conselho de Segurança que recorra ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para denunciar crimes imputados ao regime norte-coreano.
Esta resolução é uma das tentativas de chamar a atenção de Pyongyang perante a comunidade internacional.
"Esta agressão pelos Estados Unidos não permitirá uma abstenção por muito mais tempo de um novo teste nuclear", acrescentou em um comunicado.
"Nossa capacidade de dissuasão militar será reforçada para nos proteger contra qualquer intervenção militar dos Estados Unidos e qualquer tentativa de invasão armada", ressaltou.
A Coreia do Norte realizou três testes nucleares, o último em fevereiro de 2013.
Moscou considerou, por sua vez, que a resolução da ONU é contra-producente".
"A nosso ver, é contra-producente tentar fazer declarações ruidosas através de resoluções conflituosas na Assembleia Geral da ONU e no Conselho de Direitos Humanos", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergeui Lavrov, após um encontro em Moscou com o emissário especial do líder norte-coreano Kim Jong-Un.
O governo sul-coreano, através de um comunicado do ministério da Defesa, informou que suas Forças Armadas estão alertas e não "tolerarão qualquer provocação".
O texto da ONU, não vinculativo, é baseado em um relatório de 400 páginas, concluído após uma longa investigação sobre as violações dos direitos Humanos na Coreia do Norte, "inigualável no mundo contemporâneo."
Durante um ano, os investigadores coletaram os testemunhos de exilados norte-coreanos e documentaram uma rede de campos de prisioneiros, onde ocorrem torturas, execuções extrajudiciais e estupros.
O relatório estima que a responsabilidade por essas violações, que constituem crimes contra a Humanidade, é das mais altas autoridades do Estado.
As autoridades norte-coreanas temem que Kim Jong-Un seja acusado perante o TPI, mesmo que o líder se recuse a comparecer voluntariamente.
A resolução deve ser estudada em dezembro por toda a Assembleia Geral da ONU.
Mas a chave do processo está nas mãos do Conselho de Segurança da ONU, onde é provável que a China, principal aliado da Coreia do Norte, e Rússia exerçam seu direito a veto.
Neste contexto, imagens captadas recentemente por satélites mostram nuvens de vapor sobre uma usina de reprocessamento de combustível em Yongbyon, segundo os pesquisadores do Instituto EUA-Coreia da Universidade Johns Hopkins de Washington.
Isso poderia indicar que os norte-coreanos estão preparando a reativação da fábrica de reprocessamento de combustível do reator que produz plutônio que pode entrar na composição de uma bomba atômica.
Fechada em 2007 sob um acordo de "apoio ao desarmamento", o reator pode produzir, em princípio, seis quilos de plutônio por ano, o suficiente para fazer uma bomba nuclear, de acordo com especialistas estrangeiros.
A Coreia do Norte usou uma parte de seu estoque de plutônio para dois de seus três testes nucleares e ainda tem reservas suficientes para produzir seis bombas nucleares, de acordo com especialistas estrangeiros.