Várias ONG de Kivu do Sul, no leste da República Democrática do Congo, pediram nesta sexta-feira que as autoridades desbloqueiem as contas do hospital de Panzi, fundado pelo médico Denis Mukwege e referência no apoio a vítimas de estupro.
"Pedimos às autoridades que encontrem uma medida transitória para permitir que o hospital funcione", declarou nesta sexta-feira à AFP Descartes Malasi, presidente da sociedade civil local que falou em nome de várias associações e sindicatos da província de Kivu do Sul.
O hospital de Panzi, situado em Bukavu, capital de Kivu do Sul, havia anunciado esta semana que as autoridades bloquearam suas contas supostamente por fraude fiscal.
"É preciso privilegiar a saúde da população. Os impostos podem ser pagos com um mês de atraso", afirmou Malasi.
Os funcionários do hospital, que não receberam o salário do mês de dezembro, fizeram uma manifestação na última quarta-feira para protestar contra o bloqueio de suas contas.
Cerca de 500 funcionários trabalham neste hospital especializado no atendimento às mulheres vítimas de violência sexual.
O médico congolês Denis Mukwege, de 59 anos, recebeu em novembro passado o prêmio Sakharov do Parlamento Europeu por seu trabalho a favor das mulheres vitimas de violência sexual no país.
"Em cada mulher estuprada vejo minha esposa, em cada avó estuprada vejo minha mãe, em cada menina estuprada vejo minhas filhas", disse Mukwege durante a cerimônia de entrega do prêmio, na cidade francesa de Estrasburgo.