A comissão eleitoral da Nigéria adiará as eleições presidenciais e legislativas do dia 14 de fevereiro por seis semanas para dar tempo que uma força multinacional seja criada para proteger regiões do nordeste do país sob a influência do Boko Haram, disse um funcionário próximo à comissão neste sábado (7).
Milhões de pessoas poderiam ter seus votos cassados caso os extremistas islâmicos mantivessem os ataques a territórios na região.
Grupos de direitos civis organizaram um pequeno protesto, também neste sábado, contra qualquer proposta de adiamento. A polícia impediu-os de entrar na sede da comissão eleitoral em Abuja, capital da Nigéria. Policiais armados bloquearam estradas que levavam ao prédio.
Autoridades eleitorais foram a uma reunião com os partidos políticos, também no sábado, na qual ouviram seus pontos de vista sobre a medida solicitada pelo conselheiro de segurança nacional.
O oficial nigeriano, que está a par das discussões, disse que a Comissão Nacional Eleitoral Independente vai anunciar o adiamento mais tarde, ainda neste sábado (7). Ele falou sob condição de anonimato.
Uma grande ofensiva com aviões de guerra e tropas terrestres do Chade e da Nigéria já forçou os insurgentes a se retirarem de uma dúzia de cidades e aldeias nos últimos dez dias. Ataques militares ainda maiores organizados por mais países estão sendo planejados.
Autoridades da União Africana e representantes de países que apoiam a iniciativa encerraram uma reunião de três dias em Yaoundé, capital de Camarões, para finalizar os detalhes de uma força de 7.500 homens de Nigéria, Chad, Camarões, Benin e Níger. Detalhes do financiamento, que os africanos esperam de Nações Unidas e da União Europeia, podem atrasar a missão.
O grupo extremista surgido na Nigéria respondeu com ataques a uma cidade do Camarões e a duas do Níger nesta semana. Oficiais dizem que mais de 100 civis foram mortos e 500 ficaram feridos no caso camaronês. O Níger informa que cerca de 100 insurgentes e um civil morreram nos ataques de sexta-feira (6) no país. Vários integrantes das forças de segurança das duas nações foram mortos.
A preocupação internacional cresceu com o aumento do número de vítimas: cerca de 10 mil morreram com os ataques extremistas no ano passado, ante dois mil nos quatro anos anteriores, de acordo com o Council on Foreing Relations, centro de estudos norte-americano.
Os Estados Unidos estão pressionando a Nigéria a prosseguir com as eleições. O Secretário de de Estado dos EUA John Kerry visitou a Nigéria há duas semanas e disse que "uma das melhores maneiras de lutar contra Boko Haram" era realizando eleições pacíficas, na hora certa.