O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, alertou neste domingo (8) para o agravamento da situação política no Iêmen e pediu a volta do presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, forçado a se demitir por milicianos xiitas.
“A situação se deteriorou seriamente. Os hutis (milicianos xiitas) tomaram o poder, criando um vazio político. (…) A legitimidade do presidente Hadi deve ser restabelecida”, disse Ban Ki-moon aos jornalistas, depois de um encontro em Riad com o novo rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdul Aziz.
O Iêmen vive uma crise política desde 22 de janeiro na sequência da renúncia do presidente Abd Rabbo Mansour Hadi e do seu governo, dois dias depois de a milícia xiita assumir o controle do palácio presidencial.
Ban Ki-moon disse "acreditar que os hutis e o ex-presidente Saleh minaram o processo de transição", conduzido sob a liderança do presidente Hadi e interrompido desde que os milicianos xiitas armados entraram em Saná, em 21 de setembro do ano passado.
"É importante que apoiemos plenamente o processo de diálogo", disse o secretário-geral da ONU, que esteve em Riad para apresentar condolências ao rei Salman após a morte, a 23 de janeiro, de seu meio-irmão Abdullah.
Os houthis anunciaram sexta-feira (6) a dissolução do Parlamento e a criação de uma nova liderança para o país, medidas intensamente denunciadas pelos partidos políticos iemenitas, incluindo o partido do ex-presidente Ali Abdallah Saleh - que se tornou um aliado dos houthis -, assim como pelas monarquias do Golfo.
O Conselho de Segurança da ONU também manifestou sexta-feira preocupação com a situação no Iêmen, pedindo a “todos os interessados, especialmente aos hutis, para respeitar os acordos já alcançados para superar a crise”.
Em comunicado, os 15 países que integram o Conselho de Segurança pediram a imediata libertação do presidente, do primeiro-ministro e dos membros do governo iemenita, que estão em prisão domiciliar.
Depois da declaração de Ban Ki-moon, o emissário das Nações Unidas para o Iêmen, Jamal Benomar, anunciou hoje que todos os partidos envolvidos na crise do país aceitaram retomar as conversações nesta segunda-feira (9). O líder da milicia xiita Abdel Malek al-Houthi e todos os partidos politicos do Iêmen aceitaram retomar o diálogo (...) amanhã", disse Jamal Benomar aos jornalistas, em Sana.