Leopoldo López diz não se arrepender de ter se entregado na Venezuela

Dirigente da oposição afirma ter se preparado para ser preso após as diversas ameaças do presidente Nicolás Maduro
Da Folhapress
Publicado em 13/03/2015 às 13:40
Dirigente da oposição afirma ter se preparado para ser preso após as diversas ameaças do presidente Nicolás Maduro Foto: Foto: JUAN BARRETO / AFP


O dirigente da oposição venezuelano Leopoldo López disse não se arrepender de ter se entregado às autoridades do país em fevereiro de 2014, em entrevista publicada nesta sexta-feira (13) pelo jornal espanhol "El País".

Ele afirma ter se preparado para ser preso após as diversas ameaças do presidente Nicolás Maduro. "A outra opção, o exílio, o desterro, teria sido muito mais dolorosa e eu me sentiria mais preso. Hoje estou preso, mas sou livre de espírito".

López conta que os primeiros seis meses de prisão foram em total isolamento, sem direito a visitas que não fossem da família e dos advogados, e que continua a sofrer outras restrições e escraches na prisão.

"As conversas com a minha defesa são gravadas. Leem e confiscam minhas cartas de maneira arbitrária, fomos vítimas de revistas violentas dos comandos de inteligência militar, lançaram fezes humanas nas nossas celas e toda hora somos gravados direta ou clandestinamente."

O opositor está preso na cadeia de Ramo Verde, na região metropolitana de Caracas, junto com outros dois colegas de oposição a Maduro -o ex-prefeito de San Cristóbal Daniel Ceballos e o ex-prefeito de San Diego Enzo Scarano.

Em seu tempo de cárcere, López diz se inspirar em casos de outros presos políticos, como o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e o líder negro Martin Luther King.

"Serviram de inspiração para assumir a realidade de estar preso por suas ideias. Experimentei um sentimento de liberdade mais profundo que quando estava em liberdade plena."

OPOSIÇÃO

Questionado sobre a divisão na oposição venezuelana, Leopoldo López afirmou ser necessária a união de todos, embora usem estratégias diferentes. "Não podemos ter fraturas que nos debilitem", disse.

Ele ainda criticou o presidente Nicolás Maduro por sugerir uma troca de presos entre ele e o porto-riquenho Óscar López Rivera, preso em 1981 pelos Estados Unidos por conspirar pela independência do território americano.

"O comentário em que ele insistiu em trocar presos é a confirmação política de minha condição de preso político, preso de Nicolás Maduro."

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