O dirigente da oposição venezuelano Leopoldo López disse não se arrepender de ter se entregado às autoridades do país em fevereiro de 2014, em entrevista publicada nesta sexta-feira (13) pelo jornal espanhol "El País".
Ele afirma ter se preparado para ser preso após as diversas ameaças do presidente Nicolás Maduro. "A outra opção, o exílio, o desterro, teria sido muito mais dolorosa e eu me sentiria mais preso. Hoje estou preso, mas sou livre de espírito".
López conta que os primeiros seis meses de prisão foram em total isolamento, sem direito a visitas que não fossem da família e dos advogados, e que continua a sofrer outras restrições e escraches na prisão.
"As conversas com a minha defesa são gravadas. Leem e confiscam minhas cartas de maneira arbitrária, fomos vítimas de revistas violentas dos comandos de inteligência militar, lançaram fezes humanas nas nossas celas e toda hora somos gravados direta ou clandestinamente."
O opositor está preso na cadeia de Ramo Verde, na região metropolitana de Caracas, junto com outros dois colegas de oposição a Maduro -o ex-prefeito de San Cristóbal Daniel Ceballos e o ex-prefeito de San Diego Enzo Scarano.
Em seu tempo de cárcere, López diz se inspirar em casos de outros presos políticos, como o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e o líder negro Martin Luther King.
"Serviram de inspiração para assumir a realidade de estar preso por suas ideias. Experimentei um sentimento de liberdade mais profundo que quando estava em liberdade plena."
OPOSIÇÃO
Questionado sobre a divisão na oposição venezuelana, Leopoldo López afirmou ser necessária a união de todos, embora usem estratégias diferentes. "Não podemos ter fraturas que nos debilitem", disse.
Ele ainda criticou o presidente Nicolás Maduro por sugerir uma troca de presos entre ele e o porto-riquenho Óscar López Rivera, preso em 1981 pelos Estados Unidos por conspirar pela independência do território americano.
"O comentário em que ele insistiu em trocar presos é a confirmação política de minha condição de preso político, preso de Nicolás Maduro."