Diante da vitória do premiê Benjamin Netanyahu nas eleições israelenses, seu rival, Isaac Herzog, afirmou nesta quarta-feira (18) que a "opção realista" a seu partido será estar na oposição.
Os resultados dão 30 assentos para o Likud de Netanyahu, enquanto a União Sionista de Herzog tem apenas 24. O cargo de premiê depende da formação de um governo, nas próximas semanas, mas é improvável que o opositor tenha a oportunidade de tentar fazê-lo.
A tarefa deve ser entregue a Netanyahu na próxima semana pelo presidente Reuven Rivlin. Ainda existe a opção de que seja criado um governo de unidade entre os dois partidos, mas haveria resistência a esse projeto.
Shelly Yacimovich, uma líder na União Sionista, afirmou que o partido não participará de um governo ao lado do Likud. A unidade seria conveniente a Netanyahu para evitar maior pressão internacional sobre um governo de direita, mas desagradaria seus aliados.
Após uma semana difícil, durante a qual foi previsa a sua derrota política, Netanyahu celebrou sua vitória no Muro das Lamentações, na cidade antiga de Jerusalém. "Estou honrado pela enorme responsabilidade que a nação israelense colocou nos meus ombros", afirmou ali.
"Aprecio a decisão do povo, contra todas as possibilidades e contra uma forte oposição", disse o premiê, que deixou um bilhete no muro, como é de praxe.
A vitória de Netanyahu, que surpreendeu o país, levou a um enfraquecimento da esquerda. Zehava Galon, líder do partido Meretz, disse que renunciará ao cargo, após receber apenas quatro cadeiras no Parlamento.
Jonathan Rynhold, cientista político da Universidade de Bar Ilan, diz que o resultado não é exatamente surpreendente. "A política israelense não é sobre partidos, e sim sobre blocos. As pesquisas já mostravam um bloco forte na direita", diz à reportagem.
Para Rynhold, eleitores migraram de outros partidos de direita e votaram no Likud após ver, nas pesquisas, o risco de que Herzog formasse um governo de esquerda. "A surpresa foi o quanto o Likud cresceu."
Com o enfraquecimento da esquerda e a confirmação de um novo mandato para Netanyahu, as negociações de paz com palestinos não devem ver qualquer avanço nos próximos quatro anos. Na segunda-feira (16), o premiê havia afirmado que, caso fosse eleito, não haveria um Estado palestino na região.
Ele também alertou a população, durante o dia de voto, quanto ao fato de que árabes-israelenses estavam indo as urnas. O comentário foi recebido por críticos como um discurso racista.
As eleições israelenses tiveram comparecimento de 71,8%, um ápice em 16 anos. Em 1999, havia sido 78,7%.
O novo Parlamento terá 28 parlamentares mulheres, seu recorde. Eram 27 no Parlamento anterior. Também haverá mais árabes, com um salto de 12 a 17 cadeiras.