O conflito no Iêmen se estendeu neste domingo com a tomada pelos rebeldes xiitas huthis do aeroporto de Taez, uma cidade que abre caminho para Áden (sul), onde está refugiado o presidente do país.
Os rebeldes buscam ampliar seu controle para o sul, depois de tomarem a capital Sana, de onde fugiu o presidente reconhecido pela comunidade internacional, Abn Rabbo Mansur Hadi.
Os huthis recebem o apoio do Irã, um país xiita, enquanto o presidente Hadi é apoiado pelos países sunitas do Golfo, incluindo a Arábia Saudita.
Além disso, os huthis estão aliados aos soldados leais ao ex-presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, que, há três anos, foi obrigado a deixar o cargo em razão de uma forte contestação popular. Contudo, ele segue muito influente entre as Forças Armadas.
Saleh foi presidente do Iêmen entre 1978 e 2012. Neste contexto de guerra civil, o Conselho de Segurança da ONU se reúne neste domingo em caráter de urgência para discutir a situação no Iêmen.
A insegurança crescente levou os Estados Unidos a evacuar a sua embaixada e suas tropas de uma base aérea no sul, depois de um ataque quádruplo na sexta-feira contra duas mesquitas xiitas em Sana, que deixou 142 mortos.
O ataque foi reivindicado pelo grupo jihadista sunita Estado Islâmico (EI).
Avanço para Áden
Neste domingo, cerca de 300 huthis uniformizados e soldados foram mobilizados no aeroporto de Taez, à espera de reforços de Sana, localizada 250 km ao norte, informou à AFP uma fonte do aeroporto.
Taez abre o caminho para Áden, onde está refugiado desde fevereiro o presidente Hadi.
A conquista de Taez também permitiria aos huthis se mover em direção ao Estreito estratégico de Bab al-Mendeb, na foz do Golfo de Áden e do Mar Vermelho, importante via marítima para o comércio internacional.
Combatentes huthis patrulhavam neste domingo alguns bairros de Taez, após estabelecerem postos de controle em Naqil al-Ibel e Al-Rahida, duas cidades localizadas a 30 km e 80 km ao sul, respectivamente, de acordo com fontes locais.
Frente aos avanços das forças huthis em direção a Áden, as forças leais ao presidente Hadi reforçaram a defesa da cidade, segundo fontes de segurança e militares.
As tribos da região e os Comitês Populares, uma força paramilitar leal a Hadi, participam da defesa de Áden, acrescentaram as fontes.
Os militares estabeleceram um cordão de segurança em torno da periferia de Áden, que inclui cerca de 40 tanques no norte e oeste da cidade, informou à AFP uma fonte militar. O presidente Hadi prometeu no sábado lutar contra a alegada influência iraniana xiita em seu país.
Guerra civil
O Iêmen está à beira de uma guerra civil, com uma grave crise política, um território fragmentado e violência envolvendo vários grupos militares e religiosos, com a milícia xiita dos hutis controlando a capital e a rede sunita da Al-Qaeda atuando no sudeste do país.
Neste contexto já complexo, o grupo jihadista do EI, que tem cometido barbáries em vários países árabes, apareceu para reivindicar os ataques em Sana, os mais sangrentos já cometidos na capital iemenita.
Até o momento, o EI havia mantido discrição no Iêmen, mas parece estar disposto a disputar com a Al-Qaeda o protagonismo entre os jihadistas e na luta contra os xiitas.