Novos combates no sul do Iêmen entre os rebeldes xiitas e partidários do presidente apoiado pela Arábia Saudita fizeram mais de 140 mortos, enquanto o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) se esforça por fazer chegar ajuda humanitária aos civis prejudicados pelo conflito.
No 12º dia da campanha de bombardeios liderada pela Arábia Saudita, os combates se centravam no sul, onde ao menos 114 pessoas morreram, entre elas 53 em Áden, segunda maior cidade do país, segundo um balanço atualizado conseguido com diversas fontes.
A situação humanitária piora a cada dia no país, e os hospitais, que carecem de medicamentos, não podem atender às centenas de feridos do conflito.
Mas nenhuma ajuda consegue chegar do exterior. O CICV afirma estar enfrentando muitos problemas logísticos para proporcionar ajuda.
"Temos as autorizações para enviar um avião de carga com material médico", declarou à AFP um porta-voz da CICV, Sitara Jabeen. "mas cada vez menos aparelhos pode pousar no aeroporto da capital Sanaa, em mãos dos rebeldes xiitas", explicou.
Cerca de 48 toneladas de medicamentos e de kits cirúrgicos esperam autorização para serem levados para o Iêmen por avião ou barco, segundo a CICV, que também está pronta para expedir tendas, geradores e equipamentos para reparar as redes de fornecimento de água.
A situação é particularmente grave em Áden, a grande cidade portuária do sul. Os confrontos resultaram "na morte de 17 civis e de 10 combates dos comitês populares", partidários do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi refugiado em Riad, desde domingo, segundo uma fonte médica. Por sua vez, uma fonte militar evocou 26 mortos entres os rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã.
Novos ataques
Esses milicianos e seus aliados, soldados leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, que tomaram no ano passado a capital Sanaa e grandes partes do norte e centro do país, lançou uma ofensiva no início de março em Áden. Eles assumiram o controle no domingo da sede da administração provincial.
Os rebeldes tentavam nesta segunda-feira, de acordo com testemunhas, avançar no bairro de Al-Moalla, para tomar um porto próximo. Eles enfrentaram a resistência dos "comitês populares", que receberam armas e munições da coalizão árabe.
No início da tarde, uma espessa coluna de fumaça se formava acima de um posto de gasolina, perto de aeroporto de Áden, de acordo com um fotógrafo da AFP.
Em Dhaleh, também no sul, os combates deixaram pelo menos 19 mortos entre os rebeldes e 15 entre os membros dos "comitês populares", indicou à AFP uma autoridade provincial.
Em Zinjibar, capital da província de Abyan, a leste de Áden, os membros dos "comitês populares" cercam desde domingo à noite a Brigada 115 do Exército, leais ao ex-presidente Saleh e que se aliaram aos huthis, de acordo com partidários de Hadi.
Os "comitês populares" tomaram domingo à noite, com o apoio de homens de tribos vizinhas, o controle da cidade de Dufes, na estrada entre Zinjibar e Áden. Os combates causaram duas mortes entre os soldados do exército e cinco entre os huthis, segundo fontes médicas.
Em Lahj, a oeste de Áden, os ataques da coalizão tiveram como alvo a base aérea de Al-Anad e um acampamento militar nas proximidades, onde dez rebeldes foram mortos, de acordo com uma fonte militar.
Arábia 'não vai à guerra'
A Jordânia, membro da coalizão árabe, anunciou nesta segunda-feira a retirada, via Arábia Saudita, de 130 de seus cidadãos no Iêmen, elevando a 287 o número de jordanianos resgatados do país.
Três aviões indianos e um quarto russo aterrissaram nesta segunda em Sanaa para operações de evacuação, relatou um fotógrafo da AFP.
A França também evacuou por via marítima, com um navio no porto de Balhaf (leste), 63 cidadãos de diferentes nacionalidades, incluindo 23 franceses, para o Djibouti, segundo uma fonte oficial.
No Paquistão, a participação ou não na coalizão no Iêmen ainda está sendo debatida, enquanto a Arábia Saudita pediu a seu aliado sunita aviões, navios de guerra e tropas terrestres.
O debate tem sido particularmente intenso no Paquistão, que possui quase 20% de xiitas, tornando-se o segundo país do Islã xiita depois do Irã.
Em Riad, o Conselho de Ministros, presidido pelo rei Salman, reiterou nesta segunda-feira que o reino saudita "não estava indo para a guerra" e que a sua campanha no Iêmen visa "socorrer um vizinho e uma autoridade legítima".