Papa Francisco chama Mahmud Abbas de 'anjo da paz'

Líderes fizeram um apelo contra o terrorismo no Oriente Médio e em favor do 'diálogo interreligioso'
Da AFP
Publicado em 16/05/2015 às 12:18
Líderes fizeram um apelo contra o terrorismo no Oriente Médio e em favor do 'diálogo interreligioso' Foto: Foto: OSSERVATORE ROMANO / AFP


O papa Francisco chamou o presidente palestino Mahmud Abbas de "anjo da paz" ao recebê-lo neste sábado (16) no Vaticano, onde os dois líderes fizeram um apelo contra o terrorismo no Oriente Médio e em favor do "diálogo interreligioso".

Em visita a Roma por ocasião da canonização no domingo de duas freiras palestinas, um importante evento para a antiga comunidade cristã da Terra Santa, Abbas trocou com o pontífice durante uma audiência privada de cerca de vinte minutos os tradicionais presentes em um ambiente caloroso. 

Segundo a imprensa presente, o presidente palestino ofereceu ao Papa uma caixa contendo um rosário feito com madeira de oliveira e as relíquias das duas futuras santas palestinas. 

Quanto a Francisco, ele ofereceu a Abbas uma medalha representando a figura do Anjo da Paz, que "destrói o espírito maligno da guerra", ressaltou o Papa, acrescentando: "pensei em você porque você é um anjo da paz".

De acordo com um comunicado divulgado pela Santa Sé, Francisco e o presidente Abbas falaram sobre o processo de paz paralisado com Israel, com os dois homens desejando que as negociações diretas "entre os dois lados" sejam retomadas para encontrar uma "solução justa e duradoura para o conflito".

O Papa e Abbas também discutiram os "conflitos que afligem o Oriente Médio". Reafirmando "a importância da luta contra o terrorismo", ressaltaram "a necessidade do diálogo interreligioso", enquanto movimentos radicais islâmicos, como o grupo Estado Islâmico (EI), são uma séria ameaça para toda a região.

Os líderes também expressaram sua "grande satisfação", após o acordo alcançado na quarta-feira entre os dois Estados sobre os direitos da Igreja Católica nos territórios palestinos. Após 15 anos de negociações, o acordo será assinado "em um futuro próximo".

O presidente apresentou ao Papa sua delegação, incluindo o ministro das Relações Exteriores Riad Al-Malki, o principal negociador Saeb Erekat e a prefeita de Belém Vera Baboun.

 

Exercício delicado

Uma grande delegação de cerca de 2.000 pessoas, dos territórios palestinos, Israel e Jordânia, viajaram a Roma para a dupla canonização.

Mariam Bawardi (1846-1878), fundadora do primeiro convento carmelita da Palestina em Belém, e Marie-Alphonsine Ghattas (1843-1927), fundadora da Congregação do Santíssimo Rosário de Jerusalém, serão santificadas pelo Papa no durante uma missa na Praça de São Pedro.

A Santa Sé utilizou pela primeira vez, em fevereiro de 2013, a expressão "Estado da Palestina", após a admissão da Palestina como um Estado observador nas Nações Unidas, em novembro de 2012.

Há mais de dois anos, o Vaticano tem se posicionado em conformidade com a designação da ONU, lamentando que o Estado em questão não exista de fato.

Em 12 de dezembro de 2013, o papa Francisco recebeu as credenciais de um embaixador da Palestina, Kasisié Isa, que está no anuário pontifício como "embaixador extraordinário e plenipotenciário, representante do Estado da Palestina ante a Santa Sé".

A Santa Sé, que tem relações diplomáticas com Israel desde 1993, também negocia, desde 1999, um acordo sobre os direitos jurídicos e econômicos das congregações católicas em Israel, especialmente suas isenções fiscais. Mas cada reunião semestral terminou em fracasso.

Há anos, o Vaticano faz um exercício diplomático delicado entre Israel e os palestinos, por ter implementado comunidades católicas em ambos os lados deste berço do cristianismo, que continua a ser um importante local de peregrinação.

Por um lado, quer evitar ofender Israel e acordar injúrias relacionadas com o papel da Igreja na história do judaísmo na Europa. Mas também defende uma solução de dois Estados, de um estatuto especial reconhecido em Jerusalém, cidade de três religiões monoteístas, e para os direitos dos palestinos na Cisjordânia e Gaza.

Por um lado, quer evitar ofender Israel e despertar críticas ligadas ao papel da Igreja na história do antissemitismo na Europa. Por outro, também defende uma solução de dois Estados, um estatuto especial reconhecido para Jerusalém, cidade das três religiões monoteístas, e os direitos dos palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

No ano passado, o Papa convidou o presidente Abbas e o presidente de Israel, Shimon Peres, a uma oração pela paz nos Jardins do Vaticano. Esta iniciativa foi considerada inútil e ilusória pela direita israelense e não foi levada a sério pelos palestinos mais radicais.

Esta oração não impediu a violência que se iniciou pouco depois com uma ofensiva israelense em Gaza.

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